Trabalhe! - Capítulo 73
Dezembro 2
Dia 1
— Não quero esperar, decida hoje! — De repente, Susi decidiu me fuder, não importa como eu tente escapar, essas palavras são muito poderosas.
Fudeu!
— Por que está desviando o olhar? Você mesmo disse que precisa de uma deadline, sabe muito bem que não há o que ganhar com mais tempo, pense agora, reflita, sofra, mas faça, ganhar tempo não vai mudar nada. — E a pressão contínua incessante.
Lembram daquele tempo, aquele tempo longínquo quando Susi era gentil? Tipo 5 minutos atrás, sinf! Eu realmente gostaria de voltar para aquela época, quando o demônio não tinha subido a terra, quando os pássaros cantavam felizes, quando ainda havia luz.
Fudeu!
— Iky, você precisa de tempo para pesquisar algo? Seja honesto. — Os ataques não param! Meus prantos são ignorados, minha alma estirada, os demônios adorados, a realidade, a eles, sujeitada. Óh céus! Óh vida! — Acorda da brisa, idiota!
— Ahan! Sendo honesto, não, só preciso decidir o que quero fazer da vida, como conseguir vejo depois. — No fim, respondo honestamente. Pô, tava me divertindo dramatizando lá, mas fazer o que.
— Então para quê vai usar esse tempo extra? — Meti logo um “pensar” como resposta, mas veio logo a patada: — Vai mesmo? Ou vai apenas refletir, perguntar, porém sempre fugindo de uma conclusão? — Odeio como a verdade dói, não sei o que ela tem, mas como machuca.
E, assim, sou destruído argumentativamente, não consigo nem defender mais tempo para pensar, parabéns eu mesmo! Um fracasso absoluto.
E um pouco de suor frio escorre. Medo? Não! Pense, pense, pense, não dá! Medo? Não! Olhe em volta, sem desperdiçar seu tempo. Medo? Não! Tremo. Medo? Não! Medo? Não! Não! Não!
— Não vai dizer nada? — Mais uma vez, a pressão é muito grande.
— Tenho até o fim do dia, né? — Escapo momentaneamente.
— Verdade, nesse caso vou ficar esperando com você.
Pense direito, o que acho tão assustador? Escolher. Qual o pior que pode acontecer se eu errar? Escolher de novo. Eu preciso de uma resposta definitiva? Não. Minha vida está em risco? Talvez… Óbvio que não porra! Por que acho algo tão irrelevante assustador?
Então Susi ri um pouco da minha cara e me dá um peteleco bem no meio da testa, inclusive, doeu! — Sem pensar demais, sem brizar, sempre que sua mente se desviar demais, vou te atacar. — Sinto que acabarei sendo o primeiro homem morto por petelecos na história. A propósito, Susi me dá mais um.
— Ei! Pode ler a minha mente agora?
— Apenas olhe com clareza para o problema, ok? — Ela me ignora completamente e ainda dá mais um peteleco, merda!
Ok, ok, de volta à sessão de monólogo interno. Vamos sumarizar as coisa: isso é importante? Muito. Eu preciso decidir agora? Olho para Susi: definitivamente sim.Bora, agora é só começar a decidir.
Tomo outro peteleco, isso dói, sabia? Como ela consegue colocar tanta forças nos dedos? Que mulher assustadora.
Para variar, perco o foco, mas Susi, na base da porrada, me faz retomar a linha de raciocínio. De certa forma, é muito reconfortante ter a ajuda dela… Pera, será que virei um masoquista? Estou feliz por ter alguém batendo(na real, petelecando) em mim, assustador. E outro peteleco.
— Já chega, agora vou pensar com todo meu ser, juro! — Jogo mais uma promessa inútil ao ar.
— Aleluia! — Susi não parece acreditar, mas ok.
Quantas horas/minutos perdi só nisso? Não importa, o importante é que agora comecei, preciso me acalmar, se quero enfrentar esse labirinto, preciso primeiro achar a porra do labirinto, não dar voltas em volta da entrada.
— Agora! — grito, como se dando uma ordem para mim mesmo. Desligo a luz, me livro de outras possíveis fontes de distração, por sorte não tem quase nada na minha sala mesmo.
— Falando sério agora, não precisa ficar me petecando, podemos nos ver de manhã, ou de tarde, vou te dar a resposta. Deve estar ocupada como sempre, não vou te prender uma noite inteira.
— Vou ficar — Susi fala firme, não tem espaço para eu dizer qualquer coisa. Nesse caso, apenas posso deixar ela fazer o que quiser.
Começo a andar de um lado para o outro, sentar, beber água, quem sabe, meu único foco eram meus pensamentos, naquele momento o meu entorno não importava.
Sinto algum impulso de olhar o horário, mesmo assim me controlo. Em muitos momentos, perco o foco, mesmo assim, volto. Em muitos momentos me canso, mas queria achar uma resposta, se possível a mais próxima de uma da correta possível.
Não me sinto cansado, tenho alguma dificuldade para começar, me perco em vários becos sem saída e dou voltas, mas assim que decido entrar no labirinto de verdade, os pensamentos parecem fluir naturalmente, então minha busca começa.
Primeiro preciso do critério mais objetivo possível para eliminar opções, qual seria aquilo invariavelmente bom para mim mesmo? Sobreviver, humanos não podem conseguir nada se não garantirem isso, Na verdade, no fundo, criamos civilizações, impérios e mais, para garantir maiores chances de sobrevivência, e por outros motivos, mas esse é sempre importante.
Só tem um detalhe, muita gente ja garantiu que, na minha posição atual, minha visão não estava lá muito em risco. Conclusão, provavelmente deveria viver uma vida mais saudável, invariavelmente um corpo mais saudável trará benefícios, imagino que seja uma boa ideia.
Tenho os recursos para isso? Sim. Quais são eles? Dinheiro, produtos saudáveis são mais caros. Disposição, esforço, não existem milagres, isso pode ser um pouco desagradável.
Assim, com um processo simples de pensamento uma decisão é tomada, ou seja, uma meta de vida foi definida, como realizá-la? Posso pensar depois, preciso pelo menos decidir o que quero hoje.
— Acho que eu vou viver de forma mais saudável”.
— Finalmente, hein? Já estava preocupada com seus maus hábitos, mas e daí? Isso nem conta como escolha, já ia te forçar a fazer isso mesmo.
Engulo o seco, assustadora. — Não, nada…
Fico um pouco envergonhado, anunciei como grande coisa, mas apenas tomei uma decisão óbvia, é quase como se alguém tivesse me dado duas opções: prefere levar um choque de taser, ou um tiro na cabeça? Então eu anunciasse, depois de muito pensar, o taser.
Mas mesmo que seja óbvio, contanto que a consequência venha a longo prazo, tendemos a ignorar e escolher o tiro, então não foi uma conclusão tão fácil, poxa! Tá eu sei que foi, o difícil não é pensar nisso, é fazer, no fim somos especialistas em ignorar o óbvio.
E mais um peteleco!
— Vamos, quero coisas mais interessantes, já estou ficando entediada, vou acabar apelando para métodos mais coercitivos se demorar muito. — Susi é um monstro! Definitivamente um demônio em corpo de anjo.
Realmente, fudeu! Não consigo fazer isso.