Trabalhe! - Capítulo 75
Dia 3
Suspiro! Hoje está quente, essa semana está quente, calor, que inferno! Porra! Por que do nada ficou quente assim?
O suor se torna inevitável, é difícil pensar ou se concentrar, realmente quero um sorvete, só um!
De qualquer jeito, com o calor vem o fedo; no ônibus, olhares de nojo de soslaio, já repararam como essas coisas sempre acontecem? Apesar de que, como sempre, fui de táxi.
Final de semana(dia 5 e 6)
Finalmente porra! Assim pelo menos posso ficar em casa, é bem mais fresco, além de que em casa eu não tenho que usar terno.
Vale dizer, quem criou o terno, vai tomar muito no cu!! Para que usamos essa merda? É desconfortável, quente, ninguém que usar terno, então por que nós obrigamos a usar essa porra? Não dá para fazer uma reunião com os maiores líderes mundiais e definir de uma vez por todas moletons como o padrão de roupa formal, certeza que ia ficar todo mundo muito feliz!!!
Ding! Dong! Abro a porta
— Trabalho a fa…
Fecho a porta.
Ding! Ding! Que estranho parece haver um barulho irritante de fundo, mas deve ser impressão.
Bem vou fazer meu almoço.Ding! Depois de ver uns… Ding! Ding! Ding! Ai! Eu acho que terei de… Ding! Ding! Ding! Ding! Ding! Ding!
— Porra desisto!!!!!
Abro a porta.
— Trabalho a fazer
— Mas é final de semana.
— Trabalho a fazer.
— Secretária, quando você virou um npc bugado?
— Trabalho a fazer e eu tenho nome! EN-TEN-DEU?
E foi assim que eu morri, fim.
Dia 7
E mais uma segunda, acordo, me arrumo, coloco calça, uma camisa pólo de manga curta, sem gravata ou outros acessórios, queria escapar do calor o máximo possível.
Olhares, olhares, olhares… não! Eu devia estar imaginando. Hoje nem está tão quente quanto os outros dias, mesmo assim estou suando, droga! Maldito suor frio, isso nem faz sentido.
Não há o que fazer, a única forma de me convencer de que esse medo é irracional, é passar o dia sem luva, eventualmente vou conseguir me acostumar.
Chego no escritório, antes de tudo, entro na minha sala, abri o computador e começo a fazer algumas coisas, mesmo que o ano esteja quase acabando ainda acontece tanto coisa, que grande inconveniente.
— Iky, eu… — Ana entra já falando alguma coisa, mas, repentinamente.
Olho para meu braço. Medo, ansiedade, meu coração acelera um pouco, sinto meu corpo um pouco tremendo.
— Isso, lembra acho que já te disse, faz bastante tempo, mas sofri um acidente, normalmente uso manga comprida e luvas, mas ultimamente estava bem quente. —Ufa! Me sinto aliviado ao dizer isso, de uma forma ou de outra, tento falar da forma mais natural possível.
— Entendo, mas qual o modelo, posso olhar.. — Ela chega muito perto e começa a olhar meu braço sem tocar. — Eh! Desculpa, eu acabei me empolgando!
Não sei quanto disso foi um impulso real, ou algo que ela disse para me confortar, mesmo assim ao ouvir me sinto mais calmo, como se um peso sumisse, não tem problema, no fim foram apenas barreiras que criei para mim mesmo.
Eventualmente acabou explicando por alto sobre o bagulho para todos. Claro, omiti vários detalhes, não tenho intenção de contar história de verdade para todo mundo.
Putz! Esqueci de avisar para todos, que não estarei com eles ano que vem.
Dia 8
Depois que todos chegaram, os reúno para falar sobre as pendências, o que já foi feito e essas coisas. Quando acabo de fazer as discussões de rotina, digo que tinha algo importante para avisar, então faço o anuncio:
— Isso antes era só uma possibilidade, mas agora já foi decidido, por isso vou contar para todos, eu vou ser promovido para outra função, por isso não estarei com vocês ano que vem.
Vale dizer, não pretendo contar sobre a Susi e tudo, apenas inventei alguma baboseira de ser promovido, achei melhor assim, apesar de que talvez Ana acabe descobrindo no final.
Todos pareciam surpresos, imagino que tenham suas opiniões, preocupações e comentários a fazer sobre isso, mesmo assim não pretendia lhes dar tal chance agora.
— Não precisa se preocupar, todos aqui tem meu número, ainda pretendo ajudar com algumas coisas se precisarem muito. Além do mais, sei que vão se adaptar bem, afinal são profissionais, né? — Eles até pareciam ainda querer dizer algo, mas logo interrompo: — Por isso não me envergonhem, vai pegar mal para o meu lado se o próximo gerente tiver muito trabalho com vocês. Podem voltar ao trabalho.
Escolho acabar o aviso de forma leve e mais descontraída, no fim todos voltam a trabalhar.
Pelos próximos dias Caio veio inúmeras vezes pedir conselhos, Bia parece lidar bem, apenas começou a falar um pouco mais comigo pelo celular, já Ana, surpreendentemente, foi a mais fácil, até Gabi mostrou mais ansiedade e resistência a mudança, que ela.
Acho que por já saber de antemão, ou talvez por ter entendido o que eu queria, não importa, sei que todos seguiram seus próprios caminhos sem problemas, apenas me resta observá-los, além de seguir o meu também.
Dia 12
— Vamos pra academia.
— Que! Agora, por quê?
— Se me lembro bem, alguém pretende viver uma vida mais saudável.
— Sim, já me planejei mais ou menos, a partir do ano que vem vou ter uma rotina de exercícios e dieta mais saudável, veja.
— Hummm! — Ela lê com atenção. — Isso ficou até que bem feito. — Dou um sorriso orgulhoso frente ao elogio. — Ok, agora vamos de uma vez.
— Espera! Já disse que pretendo fazer isso a partir do ano que vem!
— Metas são algo que idealizamos, planejamos e fazemos no mesmo dia. — Como sempre, esse demônio é brutal. Tento argumentar com todas as minhas forças, mas sem sucesso e Susi ainda me dá um esporro: — Não!! O amanhã nunca vai chegar, não faça metas de ano novo, tenha metas para hoje, AGORA! Entendeu?
A vida é foda!
Dia 13
Todos os meus músculos doem, sinto que vou morrer, não quero sair da cama nunca mais.
Dia 18
— com isso todos estão liberados, comemorem, sextou! Agora trabalho é só ano que vem. — digo isso para eles. Será que foi um jeito idiota de dizer? Principalmente com o sextou, parece bem ridículo, estou com vergonha, quero achar um lugar para esconder minha cabeça, quero morrer, acho que vou pular aquela janela ali.
Assim meu período de trabalho acaba, agora posso…
Dia 19 diz: não diga isso tão rápido, garotinho inocente, hehe!
Sinto calafrios.