Trupe Elemental - Capítulo 98
No epicentro da vastidão estelar, logo antes do horizonte de eventos Philip e a outra figura que o acompanhava testemunhavam os momentos finais do maior experimento já conduzido por ele. Um enorme mecanismo rodeado por anéis rúnicos altamente carregados com energia elemental energizam a pequena pedra rúnica do elemento Trovão que havia sido capturada por ele anteriormente.
Mesmo com a alta concentração de magia elemental presente, não era o suficiente para carregar a pedra por completo. Para resolver esse empecilho, Philip também estava utilizando a energia de outra fonte através de um portal que estava conectado ao subterrâneo da capital de Dynarose. Isso o permitiu roubar a energia vital das pessoas para aumentar ainda mais a capacidade de carga de seu mecanismo. Enquanto ele administrava seu uso, aquela figura observava atentamente como ele fazia, ela o indagou novamente sobre seus motivos.
— Hmph. Maravilha, está tudo indo conforme planejamos. Mas e quanto a você? O que você pensa em fazer depois que tudo acabar? — Ela perguntou.
— Você ainda pergunta? O mundo que nosso senhor almeja não há imperfeições, não há dor nem tristeza. Não tenho com o que me preocupar com o que vai acontecer comigo, eu luto por uma causa e morro por ela se for preciso. — Philip respondeu.
— Hahaha. Que nobre da sua parte. “Morrer por uma causa”? Palavras bonitas, mas carente de alma, na minha opinião. — Ela disse.
Cada segundo que se passava os anéis ao redor da pedra que a continham balançavam e tremiam a ponto de quase desmoronarem, resistentes eles absorviam o enorme poder contido na pedra, o armazenando brevemente, o estabilizando antes de mandá-lo novamente para dentro dela. A tonalidade da pedra ia gradualmente mudando de acordo com que seu poder ia ficando maior.
Entretanto, havia mais algo com que eles dois precisavam se preocupar. A figura rapidamente notou que o grupo se aproximava. Eles estavam a poucos minutos de chegar até ali, Philip precisaria conseguir terminar seu experimento antes da chegada deles ou tudo seria em vão. Sua única escolha seria tentar parar o grupo.
— Philip. Apresse-se, estão chegando. Vou tentar atrasá-los, mas não posso garantir que vou conseguir. É a sua última chance de se provar útil ao nosso senhor. Não o decepcione, não agora. — Ele disse.
— Eu sei! Vá e faça seu trabalho, não me atrapalhe! Estou muito próximo do ponto exato de extração…! — Philip respondeu.
Conjurando um círculo mágico e desaparecendo em um piscar de olhos a figura deixou Philip, na esperança de que ele conseguiria terminar o que começou. A atmosfera começava a ficar tensa devido ao uso descontrolado da energia elemental para energizar a pedra, tremores por todo o solo, o som dos trovões emitidos pela pedra ecoavam nos ouvidos de Philip e ressoavam pelo seu corpo.
Não muito longe dali, o grupo de John se encaminha em direção a Philip na tentativa de impedi-lo de concluir o experimento. A magia que Mary estava utilizando para persegui-lo já estava chegando em seu limite, mostrando com precisão onde ele se encontrava.
— Vamos! ele está logo à frente, abaixo de nós! — Disse Mary.
— ABAIXO?! Como assim, Mary?! — Matt perguntou, surpreso.
Chegando bem na ponta de um grande penhasco, logo abaixo deles, todos conseguiam ver: O enorme mecanismo que estava energizando a pedra rúnica e logo adiante no interminável mar de estrelas, o horizonte de eventos e sua imensa aura do poder do silêncio absoluto. Estava decidido, ao descerem era a hora de finalmente acertar as contas com o Arquimago que tentava despistá-los.
Eles se olharam brevemente, e com um simples gesto de suas cabeças, todos eles pularam, amortecendo a queda pulando em pequenos pedaços flutuantes de pedras até chegarem no solo abaixo deles. A vista logo a frente era magnificamente terrível e bela ao mesmo tempo, um grande buraco negro no fim do que seus olhos conseguiam enxergar, e logo antes, a engenhosidade do mecanismo construido por Philip para energizar a pedra rúnica. De trás daquilo ele se revelou, batendo palmas lentamente caminhando em direção ao grupo.
— Ora, ora, se não são os meus queridos conterrâneos da guilda, e mais que surpresa! Os dois heróis lendários da Trupe Elemental! Matthew e Rosemary! Meus parabéns, vocês conseguiram… chegaram até aqui. Soube que houve muitas complicações, e mesmo assim vocês triunfaram sobre todas. Mas não se esqueçam de agradecer a quem os ajudou a dar o pontapé inicial. — Disse Philip.
— Mas devo dizer a vocês que felizmente chegaram tarde demais. Não há mais nada para ser feito aqui, o que lhes resta é apenas a morte ou o confinamento infinito no mar de estrelas, a escolha é de vocês. — Completou.
— Chega de mentiras, Philip! Nós sabemos de todos os crimes que cometeu, e iremos te levar à justiça! Você não merece o prestígio que tem. — Disse Tay, zangado.
— Hã? Hahaha. Mestre Tayson, você sempre tem as melhores piadas, eu tenho que admitir. Eu vou repetir com mais clareza, acho que você ainda não percebe a situação em que você e seus “amigos” se encontram. — Philip respondeu.
— Reconheço seu valor em chegar até aqui, mas não há nada que possam fazer. Uma nova era aguarda este mundo há muito tempo perdido, meu senhor irá guiar a humanidade para um novo mundo! Não vou permitir que empecilhos como vocês fiquem no caminho de sua grandeza! — Completou.
Philip e o grupo se encaravam fixamente, um movimento e a batalha começaria. Mas ele estava estranhando. Algo estava errado, pensou. Philip escondia perfeitamente suas emoções através de sua aura intimidadora.
— Onde aquele idiota foi? Achei que ele iria pelo menos atrasá-los para chegar até mim. Incopetente! Agora estou nessa situação lamentável. Não importa, só preciso acabar com todos eles e prosseguir como planejado. — Philip pensou.
— Acabou, me entregue a pedra. — Disse John, apontando sua espada para ele.
— Oh! Essa pedra aqui? É claro, vamos pegue aqui. Imbecil, acha mesmo que vou te entregar só porque pediu? Vocês não são merecedores do poder que ela contém, nenhum de vocês entendem a grandeza do meu senhor! — Ele respondeu.
— Graças a sua amiga, ela me ajudou bastante em carregar a pedra pela metade! Ha, foi muito fácil o resto! Só precisei de alguns pequenos sacrifícios para terminar de carregá-la! Aposto que uma parcela da capital está passando pelo inferno neste exato momento enquanto conversamos, hahaha! — Disse Philip.— Você é um monstro! Como consegue fazer algo tão cruel? — Disse Jesse.
— Monstro? Heh, não me compare com tais atrocidades. Você não sabe mesmo quem está entre vocês, não é mesmo? Se soubesse, não teria dito isso contra a minha pessoa. Eu não sou nada comparado com ele. — Respondeu, apontando para John.
O grupo ficou incrédulo ao descobrir como Philip fez para energizar por completo a pedra, utilizando a energia vital das pessoas através do portal conectado no subterrâneo da capital, ele as drenava lentamente até sua exaustão. Tay e outros já estavam com sua paciência no limite, borbulhando de raiva.
Achando que Philip estava distraído com toda aquela conversa, Mary tentou atacá-lo sorrateiramente, mas para infortúnio dela, Philip já havia previsto que algo do tipo iria acontecer. No momento em que a magia de Mary ia acertá-lo, ele se virou e dissipou por completo o ataque. Rindo dela por tentar aquilo.
— Dissipar! Ha! Você achou mesmo que iria conseguir algo com isso? Você até pode ser a única que dominou todos os elementos, mas eu, EU sou melhor que você. Não se esqueça de quem te ensinou. — Disse Philip.
— Não precisa mostrar para todos o ego inflado que tem. Você foi um dos piores mentores que eu já tive o desprazer de ter. — Mary respondeu.
— A língua afiada como sempre, algumas coisas nunca mudam. Mas lembre-se que você e seu grupo infantil de aventuras são uma farsa! — Ele disse.
Philip riu deles, dizendo que Mary e Matthew não passam de mentirosos que escondem a verdade dos olhos do mundo. Pecadores que traíram seus próprios companheiros e que se vangloriam com elogios e feitos que não lhe pertencem.
Philip estava farto daquela conversa. Ele se afastou e levitou no ar com ajuda dos poderes da pedra rúnica, canalizando em suas mãos ele a fundiu consigo mesmo, a onda de choque do poder da pedra ao entrar em contato com o seu próprio poder foi tão grande que repeliu os outros que estavam próximos dele. Seus raios e trovões ficaram ainda maiores e mais letais do que antes, toda a área foi tomada por raios.
— Temam a ira da tempestade! Contemplem a força do trovão condutor! Essa é a última parada de vocês antes do inferno! Dominação do Trovão: Campo Estático! Obedeça ao meu chamado! — Disse Philip, conjurando sua magia avassaladora.
— CHEGA DE CONVERSA! — Tay gritou, perdendo a paciência e indo para cima dele.— Tay, não! — Disse John, ao tentar impedi-lo, falhando e o seguindo logo atrás.