Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 10
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- Capítulo 10 - Honra da minha família
Honra da minha família
Sem ter resposta, Hina suspirou e deu o primeiro tiro mais poderoso que destruiu o pé do inimigo. Ela iria dar o próximo quando…
— Desculpa, ele escapou de mim! — Com a cara machucada por um soco, Rim veio correndo avisar; estranhamente, a ironia típica do gordinho não estava visível, ele só mostrava medo das consequências do seu erro. Logo na frente dele estava Yan, que deu um jeito de passar e ver como Taka estava, sua expressão era de extrema preocupação.
Mila ficou muito surpresa, ele nunca tinha visto alguém conseguir machucar Rim, ela mesmo tinha tentado tanto, mas era impossível o acertar.
Hina, por outro lado, apenas se irritou com a interrupção. — Não era para você ser o mais rápido de todos, pode me explicar como deixou isso acontecer?
Rim engoliu o seco sabendo que tinha se fodido. — Ele me enganou, aproveitou que é amigo da minha irmã e futuro colega de quarto para puxar assunto, ai, quando notei, já estava preso e ele fugindo.
A ruiva riu um pouco imaginando a cena do idiota dando de cara com uma parede tranparente. Yan podia criar barreiras invisíveis, elas sumiam quando ele se afastava muito, mas já foi o suficiente.
Já o soco, acabou vindo num momento em que Rim quase alcançou o loiro, que reagiu o socando de costas tão rápido que Rim nem conseguiu desviar.
— É bom aprender, existem pessoas muito fortes, não seja arrogante. — Hina tinha um sorriso no rosto que deixava claro que o gordinho sofreria. — Para sua sorte, foi só o Yan. — A vampira olhou com uma expressão gentil para o elfo que tinha ignorado todo o resto para curar seu melhor amigo.
Curado, Taka até tentou levantar, mas Yan deu um golpe nele e o pôs para dormir de novo, ele precisava descansar. Em seguida, o elfo curou Luca também, o salvando de ficar com sequelas para sempre.
Logo depois, curou a Mila removendo a aura negra da mesma forma que Taka tinha feito antes. Por fim, olhou para Juan que estava caído sendo contido pelos ataques da vampira.
— Pode deixar ele comigo, vou ensinar a não machucar meus amigos. — Os olhos dele estavam tomados pelo ódio, por isso nem prestou atenção no que Hina disse e avançou para cima do brutamonte.
Juan parte para cima do elfo, mesmo machucado. Yan apenas cria uma barreira, porém ela é atravessada facilmente pela aura negra e o soco se aproxima da cara dele.
Claro, Hina tenta se aproximar para proteger o loiro, um soco com tanta força poderia até o matar.
Por outro lado, a expressão do Yan era absolutamente calma. O som alto da explosão foi ouvido, mas o elfo nem se moveu.
No seu estado bestial, Juan não conseguia entender direito o que aconteceu, apenas se sentiu frustrado, afinal seus ataques eram inúteis. Como da ultima vez, ele parava sempre em uma barreira, a diferença é que essa era azulada.
— Como eu esperava, você é um ser patético. — Yan segurou o punho do brutamonte e o esmagou, ele tinha uma força bruta que não seria esperada de um suporte. — Lamento te informar, mas Taka já aprendeu como derrotar essa porrinha de pílula 4 anos atrás.
Em um movimento rápido, o elfo cortou os tendões daquela besta. Só com isso, aquele coro enorme foi ao chão.
Não parou por ali. Criando uma barreira ao redor dos dois, ele garantiu que os dois ficassem sozinhos.E os ataques começaram. De forma imparável, Yan desferiu um soco atrás do outro, ele queria descarregar toda sua raiva.
— Como ousa machucar o Taka! — Enquanto quebrava os ossos daquele homem, o loiro berrou cheio de ódio.
Por fim, Yan agarrou o pescoço daquele homem e o estrangulou, mas não o matou. No fim, sua racionalidade e os pedidos da Hina o fizeram acordar e apenas desmaiar o idiota.
Não só isso, mesmo a contragosto, ele ainda teve que curar aquele homem, pelo menos o suficiente para ele não morrer imediatamente como efeito colateral das pílulas que tomou. Apesar de tudo, ainda precisavam interrogá-lo.
— Agora que acabamos a parte difícil, Mila e Rim, podem ir embora, mas não ontem nada do que viram aqui, ok? — Os dois jovens tiveram arrepios, mas não reclamaram.
A vampira ainda instrui que eles levassem os garotos desmaiados, prendeu Juan completamente usando um selo e por fim guiou ele e Yan para um lugar mais privado, no caso, o quarto dela.
— Agora pode me explicar o que houve? E o que era aquela porra escura? E essas pílulas, sabe algo sobre? — Não era difícil para Hina supor que o elfo tivesse alguma familiaridade com tudo, primeiro ele lidou muito bem com o poder do brutamonte e, segundo, ele claramente não passou ali por acaso e foi ajudar.
— Ok, vou começar com a história chata… — Yan contou como derrotou Juan e tudo mais, para o que Hina não deu muita bola. Depois disso ele explicou que não sabia bem porque o valentão iria querer tanto assim se vingar, nem como ele conseguiu as pílulas, então ela decidiu deixar para perguntar esses detalhes para o próprio.
— Ok, e isso, o que é? — Hina colocou na mesa a caixinha de medicamentos que o brutamonte tinha com ele.
— Não tenho certeza, — o elfo foi honesto — essa versão é diferente da que já vi. O ideal seria pedir para um alquimista analisar. Sobre os efeitos… — Deu uma explicação rápida sobre a aura negra e tudo mais. O resumo: a mana negra era, na verdade, só a mana comum de uma pessoa só que aditivada e ela podia sugar a energia dos outros.
Os efeitos colaterais eram destruição dos músculos e perda da racionalidade, mas Yan também não conhecia seu funcionamento a fundo para saber mais detalhes. Ele ainda explicou que Taka descobriu como dissipar essa mana chata, nem era tão difícil.
Inclusive, ele aproveitou para falar um pouco sobre o amigo, até porque a vampira perguntou. Na ocasião, Yan disse apenas elogios.
— Entendi, mas quando você vai tirar essa merda de mim e, mais importante, me ensinar como tirar. — Mostrou o braço ainda envolto por uma mana negra quase sumindo.
Yan engoliu o seco. — Foi mal esqueci. — Ele tocou a mão dela, depois ficou pensando como aquele monstro podia ficar tanto tempo com aquele troço queimando a mana dela e não sentir nada. De qualquer forma, ele ensinou ela a usar a tal mana azul, que era igual a normal, mas propositalmente um pouco mais caótica.
— Agora, vai me contar como descobriu isso tudo?
— Bem, porque essas pílulas foram criadas por alguém da minha família, melhor, supostamente um parente meu está por trás de tudo isso.
Hina arregalou um pouco os olhos. Yan não era só de uma família importante, ele era parte do mais influente e poderoso clã de elfos, inclusive, o membro mais velho dos diretores da academia, era o patriarca deles.
Resumindo, isso acabaria em uma treta envolvendo gente importante e poderosa. Sem contar que, se Hina conseguisse descobrir o que estava acontecendo, ela poderia até usar para atacar aquele velho que ela tanto odiava.
— Dada a situação, espero que possamos colaborar. — Com um sorriso, Yan surpreendeu Hina tomando a iniciativa, na verdade, ela quem deveria pedir a colaboração dele.
— Êh…
— Que foi, ficou sem palavras? — sorriu ironicamente. — Também quero descobrir quem foi, preciso proteger o nome da minha família afinal — olhou de forma ameaçadora — para isso, gostaria de sua ajuda.
Claro que Yan iria querer proteger a honra dos seus, mas só ter ele ajudando a investigar já era um grande passo. Além do mais, ela iria ter que reportar tudo para os diretores de qualquer forma, ou seja, Susa provavelmente pensaria num plano para se safar facilmente.
— Ok, para mim é bom o suficiente, eu juro não contar para ninguém até acabarmos de investigar e você me ajuda, que tal? — Ela não conseguiria muito uso político da situação; mas, no mínimo, iria impedir a distribuição dessa nova droga.
Yan concordou com a cabeça e Hina sorriu. — Fico feliz em contar com sua ajuda.
— Tanto faz, só quero descobrir tudo e eliminar pessoas desonradas do meu clã, não concordo com seu plano e nem pretendo te ajudar a causar um caos. — Yan tinha um olhar bastante ameaçador.
Hina respirou fundo e se surpreendeu com o quanto aquele elfo simpático podia ser ameaçador. — Não sei do que está falando. — Então se fez de boba.
Yan ignorou e saiu do quarto, ele já tinha dito o que queria. A vampira não disse mais nada e se voltou para Juan. Se Taka tivesse visto tudo aquilo, se surpreenderia, eles definitivamente não pareciam os mesmos amigos de antes.
Pouco tempo depois, Lola apareceu no quarto, ela estava preocupada porque tinha visto Yan entrar com a Hina.
— Puft! Você se preocupa com cada coisa, é só que… — ela contou toda a história.
— E o que vamos fazer? — A melhor amiga perguntou preocupada.
— Cumprir com nossa parte do acordo e investigar sem segredo. Eu até gostaria de ter uma nova notícia para inflamar o ódio ao sistema atual, mas não vai ser dessa vez. Olhando pelo lado bom, é mais fácil investigar assim, o único problema é que eles não parecem querer ser discretos; comigo falando ou não, logo logo o público vai saber.
— Quando isso acontecer o que fazermos? — Lola estava, claro, preocupada, nunca era bom quando a policia toca no calo de gente poderosa, isso sempre acabava em assassinato e nenhuma das duas queria isso.
Hina mesmo não tinha como responder com confiança, mas ela era a líder ali e precisava parecer saber o que fazer, por isso sorriu e ajeitou a postura.
— Vou ver, provavelmente vão acobertar antes mesmo de qualquer investigação começar. Senão, eu dou um jeito, primeiro precisamos ver como as coisas vão ser e, mais importante, vamos ter um torneio e…
ooo
Algumas horas depois, Yan acordou na sua cama, Yan lhe explicou tudo e disse para não falar nada sobre o assunto. Taka concordou na hora, ele confiava no amigo e sabia que aquilo seria o melhor a fazer.
Logo depois ele foi visitar Luca no hospital, os danos no braço tinham sido muito grandes, por isso nem Yan conseguia lidar.
Vendo o amigo na maca ele sentiu, ao mesmo tempo, raiva e companheirismo; nem no seu sonho mais louco, esperava que Luca fosse sofrer tanto só para protegê-lo.
— Você foi um verdadeiro amigo, obrigado — ele disse para o garoto dormindo numa cama de hospital.
Então decidiu voltar para seu dormitório, mas assim que chegou encontrou uma garota batendo na porta do quarto dele. Com ela de costas, só conseguiu ver que era uma pessoa baixinha e com um longo cabelo castanho chegando até a bunda.
— Aconteceu alguma coisa — perguntou.
— Você! — Com uma voz fofa a garotinha se virou animada e revelou toda sua beleza. — Você é o colega de quarto do Luca… Taka, né?
Ele concordou com a cabeça sem entender a razão de, por trás daqueles óculos, haver olhos tão felizes em ver ele. Claro, ele também não se perguntou muito, ter qualquer pessoa interessada nele o deixava feliz, principalmente uma garota bonita.
— Por que? — perguntou curioso.
— Bem, eu sou uma jornalista e… — Ela estufou o volumoso peito orgulhosa — quero falar com você, acho que aconteceram coisas suspeitas recentemente e tudo me leva a restos de mana atrás do dormitório feminino e, por fim, você. Sim, meus instintos de investigadora me dizem que algo estava errado e todos precisam saber.
“Já? Aquele gostoso de merda realmente não tem sorte, hein?”
Taka só pode pensar que Yan não era muito sortudo, mas a próxima coisa que ouviu o deixou muito interessado.
— Também tenho interesse em te entrevistar, meu instinto de jornalista diz que essa é uma boa ideia.
— Entrevista, claro, quando quiser. — Taka concordou na hora, ele estava nos céus se sentindo importante.