Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 11
11 – Repórter fofa
— Bem, eu sou uma jornalista e… — Ela estufou o volumoso peito orgulhosa — quero falar com você, acho que aconteceram coisas suspeitas recentemente e tudo me leva a restos de mana atrás do dormitório feminino e, por fim, você. Sim, meus instintos de investigadora me dizem que algo está errado e todos precisam saber.
“Já? Aquele gostoso de merda realmente não tem sorte, hein? “
Taka só pode pensar que Yan não era muito sortudo, mas a próxima coisa que ouviu o deixou muito interessado.
— Também tenho interesse em te entrevistar, meu instinto de jornalista diz que essa é uma boa ideia. — Ela deu passos rápidos, se aproximando e o olhando por baixo de uma forma provocante.
— Entrevista, claro, quando quiser. — Taka concordou na hora, ele estava nos céus se sentindo importante.
— Está livre? — A garota perguntou e ele respondeu abrindo a porta, os dois entraram, ele fez um pouco de café para ele e pegou um refrigerante para tomar. Por fim, os dois e encontraram algum canto para sentar e as perguntas começaram: — É verdade que você foi atacado ontem?
O garoto desviou um pouco o olhar, não tinha certeza se podia responder, seu amigo tinha dito para não falar nada sobre o assunto para ninguém.
Ele coçou a cabeça e quando olhou de novo para a entrevistadora, encontrou dois grandes olhos interessadíssimos nele. — Bem, sim, mas a Hina resolveu facilmente.
“Merda, falei sem querer!”
Antes que pudesse notar, Taka já tinha sido enganado. Ele mesmo reconheceu isso, talvez aquela garota desastrada fosse mais perigosa do que ele pensava.
— Quente! Muito quente! — Ela foi tomar o café enquanto esperava, mas esqueceu que era uma bebida amarga e quente; no susto de queimar a língua, deixou a bebida cair e essa foi interceptada pelo seu peito, sem sujar mais nada.
Numa reação rápida, Taka a encharcou com refrigerante frio. O alívio foi imediato e Shiori pode limpar as lágrimas que já estavam se formando no seu rosto e evitar uma queimadura grave.
Por outro lado, logo ela notou algo, estava encharcada por aquela merda, que deixava seu cabelo grudento, incomodava os olhos e era desagrdável. Tomar banho de refrigerante é uma bosta. Pelo menos, para Taka, aquilo deixava a blusa da garota ainda mais colada ao corpo acentuando suas curvas.
— Foi mal, é só que…
— Não, tudo bem, melhor que me queimar… acho. — A garota olhou para o próprio estado bastante irritada, apesar da culpa ser majoritariamente dela. — Onde é o banheiro? E pode me emprestar alguma camisa sua?
Shiori teve que ir até o banheiro e tirar todas as suas roupas, inclusive sua calça que estava meio molhada. Primeiro ela tomou um banho e lavou mais ou menos as roupas para tirar aquele cheiro de coca-cola que ela odiava. Ela apenas deixaria as coisas para secarem na janela, era uma dia quente, então pelo menos o sutiã ficaria de boa, a calcinha, por sorte, estava a salvo.
Então o primeiro problema veio, ela tinha esquecido de pegar uma toalha e não tinha nenhuma no banheiro. Ou seja, ela precisou chamar o Taka para ela trazer uma. Até aí, tudo normal, ele abriu a porta sem olhar, ela só ia esticar a mão e pegar a toalha ainda escondida atrás da porta.
— Ai! — Mas ela escorregou no sabonete que nem devia estar ali, inclusive, é um mistério como aquele sabonete chegou lá. Claro, Taka abriu a porta um pouco preocupado e, depois de ver tudo, jogou a toalha ali dentro e saiu logo, ele não queria ser chamado de pervertido ou algo do tipo.
Shiori se secou, vestiu a camisa que Taka tinha lhe emprestado, que era quase um vestido para a garota, até por ser a maior que ele tinha. Assim, o problema foi resolvido, pelo menos parcialmente.
Então ela saiu do banheiro, esquecendo seus óculos nele, ela sabia que ficava menos bonita por ter perdido a maquiagem e as roupas, mas achava que estar sem óculos iria compensar isso e seu nível de fofura seria mantido estável.
Os dois voltaram para a posição inicial e… — Droga! — Shiori vasculhou a bolsa. — Esqueci minha caneta, por acaso você pode me emprestar? — Quando ela foi levantar para se aproximar do Taka tropeçou no próprio pé e caiu em cima dele. — AI!
Se acha que isso acaba com coisas macias sendo apalpadas, está… correto, mas foi um acidente, um toque acidental por menos de um segundo, tudo sem intenção, confia. Se está impressionado com a quantidade de vezes que aquela garota conseguia cair, acredite, era pior quando ela era mais nova.
Para melhorar, ela também deixou o próprio caderno cair e, de canto de olho, o garoto pode ler o que estava escrito ali. Primeiro, uma lista de compras que incluia: Garotos Musculosas Nas Termas 3, mas ele ignorou isso. A segunda coisa que viu, foi um pequeno sumário de informações sobre ele e as técnicas que ela pretendia usar para enganá-lo.
Depois disso tudo, Taka já não sabia o que era mais assustador, a intuição daquela garotinha, as informações que ela tinha, as técnicas sujas que ela pensava em usar, ou o quão desastrada ela conseguia ser.
Claro, Shiori tentou esconder o caderno o quanto antes, enquanto Taka tirava sua mão de qualquer lugar indevido o quanto antes. Assim, os dois tacitamente assinaram um contrato de silêncio sobre tudo e voltaram ao normal como se absolutamente nada tivesse acontecido.
E se acha que o tal lugar indevido tem relação com qualquer ato libidinoso, está enganado. No caso, o garoto quase conseguiu roubar o celular da moça, mas ele foi notado no último segundo e teve que desistir.
Taka ficou um pouco frustrado, 5 anos de experiência roubando gente na rua e ele não conseguiu pegar o celular dentro de uma bolsa aberta. Para ser justo, a verdade era que a mulher à sua frente tinha uma habilidade de percepção muito acima da média.
De qualquer forma, a baixinha ainda quis quebrar o silêncio. — Ahan! por que você não me ajuda a resolver esse caso? — Seu olhar era brilhante, conforma ela chegava perto e inclinava o corpo de forma enérgica e sexy. — Você deve saber várias coisas e é incrível, já eu sou a melhor repórter de todos os tempos; juntos, a gente dá um jeito nisso rapidinho e seremos aplaudidos como heróis.
Taka foi seduzido por aquelas palavras, em parte, por causa dos elogios que a Shiori, de forma proposital, escolheu fazer a ele, no entanto o mais importante foi algo não intencional. Os dois eram um pouco megalomaníacos e enxergavam ao final de sua aventura o mesmo resultado: a atenção e aplauso de muitas pessoas.
— Não, infelizmente prometi pro Yan que não faria isso. — Ainda assim, ele não se deixou seduzir tão facilmente e nunca voltaria atrás com o que disse para um amigo.
— Que saco! Apenas aceite logo, você é muito chato! — E uma criança birrenta surgiu na sala, com direito a biquinho e tudo. — Tanto faz, pelo menos vamos fazer uma troca de informações, eu faço uma pergunta e, em troca, ofereço alguma coisa que sei; se achar interessantes, o negócio tá feito, o que acha?
Parecia justo e Taka concordou em jogar, apenas adicionou a regra de ele também poder fazer perguntas. No fim, de uma forma ou de outra, aquilo ainda virou uma entrevista. E Shiori ainda teve que pedir uma caneta emprestada.
— Vamos começar, — engrossou a fina voz e tentou fazer uma voz e pose sérias, ela sempre quis agir como criminosos em um bar trocando informações — eu quero saber o motivo para a luta, em troca, te digo meu número de celular.
Taka quis entrar no clima sério, porque também achava muito foda, por isso pensando profundamente sobre a negociação, sua face era sombria. — Nunca.
— Como assim? — e a atuação foi pro caralho — tem certeza, é a única chance que vai ter de ficar próximo de uma garota tão bonita assim?! — Ela levantou rápido, no ato, conseguiu bater o dedinho na cadeira, mas fingiu que nada aconteceu e apontou para si mesma confiante.
— Já vamos ter que trocar contatos de qualquer jeito, até porque você deve estar torcendo para eu mudar de ideia e te ligar falando que vou ajudar. Nem tente me enganar, não vai dar certo. — Taka estava “bravo”.
— Ok, ok, e se for o contato da minha irmã no lugar? Ela é ainda mais bonita do que eu. — Como um sussurro sexy, as palavras do demônio que não hesitava em vender os parentes chegou aos ouvidos de Taka.
Ainda assim, ele negou alegando que era contra as regras; afinal, como tinham definido, se a primeira oferta fosse recusada a vez passava. Ou seja, Taka deveria ser o próximo a perguntar algo, Shiori não podia só mudar a proposta. Ainda assim, era inegável que ele ficou tentado a pelo menos olhar uma foto da tal irmã, mas não o fez para não ser enganado pelos instintos. Sábia decisão, inclusive
Enfim, ele voltou com a espressão séria e os dois, num acordo silencioso, quiseram volta para aquele clima foda. — Para começo de conversa, quem é você? Sério, como conseguiu chegar perto da verdade tão rápido?
Em seguida, ele se levantou e chegou mais perto da garota, que não ligava muito para a aproximação, via até como uma oportunidade.
Sacando o celular do bolso. — Por acaso conhece o Yan? — Sim, o real motivo para Taka ter negado o número da tal amiga, foi porque ele tinha tido a mesma ideia e ficou puto de a ter roubada.
— Claro! — uma resposta surpreendente — é aquele elfo gato, né? Lembro o nome… e outras coisinhas, de todos os homens e mulheres sexys daqui. — Tava orgulhosa a baixinha, mostrando um sorriso que demandava por elogios.
— Sim. — Taka falava como alguém que não quer admitir a realidade. — Espera! Como assim sabe de todos os garotos e garotas? Para que saber os das garotas?
A propósito, de acordo com o fundador de Kurva, a homosexualidade era um completo defeito de funcionamento do corpo humano, ou seja, era tratada como doença. Como as palavras do fundador sempre foram tratadas como divinas, nunca foram contestadas, salvo poucos loucos. A propósito, também foi ele quem definiu demi-humanos como inferiores, humanos como medianos e vampiros, seiren e elfos como superiores.
— Sim, eu gosto dos dois, acho que todas as coisas belas existem para serem apreciadas por mim. Além do mais, apenas alguém tão especial, tão única quanto eu, conseguiria aproveitar tudo.
— Mas o fundador…
— Quem liga? Ele foi um cara inteligente e foda, mas eu sou ainda mais… — ela tinha um olhar ainda mais presunssoso — se eu decidi que algo é bom, então é.
Assim, Taka foi convencido de que ser bisexual era daora para caralho. Sim, podia até admirar o fundador, mas não era tão difícil assim mudar as ideias dele, principalmente quando os argumentos vinham de alguém que pensava quase do mesmo jeito que ele.
— Tanto faz isso, o mais importante é: tenho fotos dele em uma viagem para as termas. — Nem por isso ele ia admitir que aquela garota o fez mudar de ideia, por isso voltou para o assunto principal logo.
Shiori até babou um pouco e, por estar sem sutiã vestindo uma camisa fina, seus… bem, pode se dizer que sua vontade de aceitar estava visível.
Um sorriso maligno surgiu naquele demônio disposto a vender o melhor amigo. Ele chegou mais perto dela e mostrou só parte da tal foto, só a cabeça levemente molhada e um pouco de sua clavícula.
— Quer ver o resto? — o sussurro sedutor era poderoso demais, a garota sabia que estava sendo enganada, mas o poder da foto era muito grande.
Ela não teve escolha, virou o olhar para Taka e o encarou por alguns segundos. — Ufa! Te ver faz o tesão passar, — ela fez questão de dizer isso em voz alta — rejeito a proposta.
Com a autoestima destruída, o garoto voltou à sua cadeira, eles voltaram a algum nível de seriedade e… nada.
Quatro horas conversando e nem sequer uma proposta foi aceita. No fim, os dois estavam com orgulho ferido e queriam provar que eram melhores. No caso, Taka queria, enganando a garotinha, se vingar por quase ter sido seduzido e por ter seu roubo descoberto . Shiori, por outro lado, queria o seduzir completamente e provar que aquele garoto de merda nunca poderia resistir aos seus charmes.
Assim, um tentou enganar o outro várias vezes. Só tinha um problema, como eles pensam de forma muito parecida: sempre tinham as mesmas ideias e sempre entendiam as ideias um do outro. Um fracasso total, essa foi a entrevista.
Pelo menos, os dois se ficaram muito próximos, de uma forma ou de outra e só pararam de conversar e brigar quando Shiori notou que já era quase de noite, perguntou se o Luca não ia aparecer e, ao descobrir que ele estava no hospital, se despediu e foi embora.
Logo depois, Taka reparou em algo, ela sabia o nome do Luca, não só isso, quando se conheceram, ela nem lembrava do rosto dele, só o nome e que era colega de quarto do Luca. Resumindo, o colega de quarto dele definitivamente estava na lista de pessoas bonitas e ele, sem dúvidas, não.
Assim, o último prego no caixão dá, já a anos abalada, autoestima do Taka foi colocado. Por assim dizer, nesse capítulo jaz a autoestima do Taka.
Só para acabar o dia bem, quando abriu o computador o garoto ainda viu três e-mails, o primeiro era propaganda de película para o celular, algo que ele não tinha comprado ainda, mas ignorou. O segundo era da Shiori, o link para o tal jornal da academia, ela de fato era parte das pessoas que alimentavam aquele site. E o último e-mail era uma fofíssima ameaça de morte, o remetente era, claro, desconhecido e ainda vinha com um vídeo em anexo.
Engolindo o seco, Taka deu play naquela porra com exatos 25 segundos de duração, mas foi interrompido por uma notificação, uma menssagem do Luca, algo curto e simples: “estou namorando!”
Não bastava botar o último prego ainda resolveram chutar o caixão.