Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 17
Depois de tomar seu banho e relaxar um pouco, Taka olhou seus e-mails, lá encontrou um convite que lhe interessou muito. Era uma mensagem da Hina o chamando para um teste, talvez ela o quisesse no seu grupo.
— Caralho! — Ele chutou o chão e girou em sua cadeira de escritório até bater com a cabeça em uma parede. No final das contas, o dormitório era pequeno e comemorações espalhafatosas só serviam para bater a cabeça.
Ele saiu da cadeira e levou as mão a cabeça, lacrimejando um pouco pela dor, retomou a racionalidade. Antes de ficar tão feliz, ele precisava conferir a veracidade daquele convite, não podia ficar se empolgando à toa.
Sentou de novo na cadeira, abriu o computador e começou a olhar algumas coisas. Primeiro, a conta parecia ser a da vampira, de fato ela estava mandando esses convites e não tinha nada muito suspeito. A comemoração foi liberada e, de novo, Taka chocou com uma parede, tem gente que não aprende mesmo.
Claro, ele concordou em ir, assim foi decidido que iria no dia seguinte de manhã para uma quadra que Hina tinha reservado para isso. Vale dizer, além do garoto, outros tinham sido convidados, nada garantia que ele seria escolhido, mas havia uma chance.
As coisas estavam melhorando e a excitação tomava o garoto, que foi dormir cedo, queria estar descansado para o grande dia.
ooo
O sol raiou e Taka acordou depois de uma excelente noite de sono, uma das melhores que tinha tido. O sorriso em seu rosto era visível, estava todo bobo e nem conseguia suprimir a própria alegria. Nem por um segundo, a possibilidade de ser rejeitado passou por aquela cabecinha, por mais que esse fosse o resultado mais provável.
Como o vento, bagunçou toda a casa, pegou suas melhores roupas, arrumou o cabelo, tomou um banho extra, até o perfume do Yan usou. Taka estava no seu auge de aparência, ele realmente queria causar uma boa primeira impressão.
Logo o garoto chegou no local e… uma fila, claro que teria uma fila, afinal tinham outros para serem testados. No caso, cada um tinha um horário certo, mas como normalmente os procedimentos demoravam mais do que o esperado, os atrasos se acumularam e Taka ainda teria que aguardar mais ou menos uma hora. Sim, a situação foi tipo a de ir no médico e ficar sentado numa salinha de espera.
Nos primeiros 10 minutos, o tédio foi grande, afinal estava sozinho numa pequena sala com 6 cadeiras, três de cada lado. Ou seja, não tinha absolutamente nada para fazer, só podia ficar jogando aqueles joguinhos chatos de celular.
Depois, Lola voltou. Ela estava responsável por organizar tudo, basicamente, o trabalho de secretária.
Sua entrada na sala logo chamou a atenção da única pessoa lá. Estava linda, bem, ela já era linda e o garoto reconhecia isso, mas naquele dia estava muito melhor. Primeiro, seu cabelo, no dia que se conheceram, ela nem tinha penteado direito, mas dessa vez estava perfeito, ondulando por suas costas e com algumas mechas escondendo seu olho esquerdo. Uma sensual e misteriosa garota, essa era a impressão passada.
E, se o rosto chamava atenção, as roupas o faziam ainda mais, estava vestindo uma blusa vermelha com um grande decote revelando parte do seu corpo escultural. Ou seja, aquela morena era muito mais bonita do que Taka podia imaginar e seus peitos grandes realmente ficavam valorizados pela roupa.
Enfim, como estava entediado e sem nada para fazer, tentou puxar assunto com aquela linda mulher:
— Como estão indo as coisas? Não podia me dar um spoilerzinho sobre o que vou ter que fazer? — Com um tom leve ele comentou como quem não quer nada.
— Não. — Monotônica e sem expressão, ela não tinha mudado nem um pouco.
— Que maldade, estou ansioso aqui, sabe como é difícil esperar? — Tentou apelar para a pena da coelha com uma mentira. — Não pode pelo menos me dizer como os outros estão indo, por favor…
Com um rosto sério, Lola negou mais uma vez, mas dessa vez foi uma negativa absoluta, continuar insistindo seria apenas inconveniente.
— Relaxa, estava só brincando. — Ele escolheu a recuada estratégica. — Eu sei que você nunca quebraria regras, principalmente para ajudar alguém como eu. Inclusive, tem uma coisa que sempre me deixou curioso, como você e a Hina se conheceram?
— Ela me convocou. — Para variar, a explicação era péssima, por isso nem tinha como continuar a conversa sobre o assunto.
Colocado contra a parede, Taka tentou mais algumas vezes, perguntou sobre a comida favorita dela, hobbies, matérias que gostava, até a cor favorita ele tentou perguntar. O resultado foi sempre o mesmo, nenhuma resposta passou de 5 palavras.
Por fim, o silêncio veio forte, Taka até achou impressionante como Lola era uma sniper, conseguia matar a conversa sempre com um tiro certeiro.
Na verdade, nem mesmo seu último recurso, perguntar sobre a Hina, funcionou. Por mais que, quando se tratava desse assunto, as respostas chegassem a 7 ou 8 palavras, ele não conseguia muito mais do que isso.
Ela era bela, calada, impassível, nunca ria, nunca falava muito, nunca se irritava, parecia uma estátua interativa. Além disso, 46 minutos já tinham passado, o garoto estava exausto, já tinha tentado conversar de todas as formas que conseguia e logo iria para o teste, ou seja, Taka desistiu.
— Entendo… que pena — Lola sussurrou muito baixo. — Hina já está te chamando, nosso tempo juntos acabou.
Taka só conseguia interpretar aquilo como: finalmente vou me livrar de você. Bem, se fosse dizer só pelo tom da voz e expressão, ela continuava sendo um robô. De qualquer forma, animado, ele se levantou, queria ir o quanto antes.
— Só uma coisa, êh… — com um sussurro, Lola chamou o garoto tocando em seu ombro. Quando ele se virou para ela e seus olhos e encontraram, a garota preferiu olhar um pouco para baixo. — Aquelas coisas na balada, você fez tudo para ajudar o Tiko, ne — A propósito, Tiko era o nome do demi-humano que Taka ajudou naquele dia.
— Sim, como descobriu? — Ele não recebeu nenhuma resposta imediata, na verdade, por mais que não mostrasse na sua face, Lola parecia estar querendo recuperar o fôlego.
— Entendo… — Em uma ilusão, Taka viu surgir um sorriso pelo naquele rosto, que continuava, na realidade, inexpressivo. — Sabia, você é um cara gentil, não conta para ninguém, ma-mas estou torcendo para você passar. — Foi um sussurro quase impossível de ouvir, tanto que o garoto chegou a considerar que apenas estivesse ouvindo coisas.
Foi naquela hora que ele finalmente entendeu, aquela coelha era tímida, muito tímida. Sim, durante quase uma hora, ficou pensando em como dizer para Taka que estava torcendo por ele. Na verdade, ela nem era inexpressiva de verdade, é só que suas expressões eram tão mínimas, que ninguém notaria.
“Que coelhinha fofa, assim fico até com vontade de conversar mais com ela.”
Um sorriso inconsciente tomou o rosto daquele garoto. Lola tinha acabado de ganhar um espacinho no coração dele, então…
— Taka, venha logo, — uma mão o puxou para trás — já atrasei muito por hoje, vamos rápido. — Então a ruiva o jogou dentro do quadro, mas especificamente, dentro de uma arena circular. — O teste vai ser lutar comigo, estou com um pouco de pressa então vou mais forte, boa sorte.
“Fudeu!”
Taka pensou ao ver toda a pressa da vampira.