Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 2
- Início
- Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse
- Capítulo 2 - A academia de magia militar
Capítulo 2 – A academia de magia militar
Taka mal tinha se levantado e já tinha que se arrumar correndo. Colocou a camisa ao avesso e ainda conseguiu bater com o dedinho na cama, a pressa de estar atrasado e o nervosismo do primeiro dia não estavam ajudando.
Pegou a única mala que trouxe de viagem, era uma mochila de costas pequena com apenas algumas posses importantes do garoto.
Por fim, ele saiu correndo do hotel, as aulas na academia de magia da capital finalmente começariam, os melhores professores, os melhores equipamentos, os melhores alunos, a espinha dorsal do exército estava lá.
Assim que chegou a recepção, Taka recebeu o uniforme escolar, a chave para seu dormitório e uma carteirinha de acesso ao campus. Ele deu graças a deus que seu cadastro já estava feito, senão as coisas poderiam demorar um pouco mais.
Ele correu por todos aqueles corredores, para sorte dele, os dormitórios ficavam bem perto da recepção, o mais próximo da cidade possível. Meio sem fôlego, abriu a porta sem nem pestanejar, ele nem sequer notou que ela já estava destrancada.
Entrando no quarto, deu de frente com uma pequena cozinha, era quase um corredor, com utensílios embutidos na parede e uns dois metros de largura para andar.
Em frente havia três portas, as três abertas. Seguindo reto estava uma sala vazia, não muito grande, a direita um banheiro padrão, já a esquerda havia…
“Tão branca e delicada? Parece porcelana.”
Na verdade, lá era o quarto, mas Taka só prestou atenção na pele delicada. Aquele corpo quase nú, com membros puros e brancos como a neve fresca, vestidos apenas por uma cueca velha.
Claro, a pessoa no quarto era um cara, a escola dividia os dormitórios entre masculino e feminino, dar de cara com uma gata não ia rolar.
Nem por isso, deixava de ser um gostoso, com um instrumento bem grande que mal podia ser escondido e abalou um pouco a autoconfiança do garoto que xingou internamente o deus dos clichês por tê-lo enganado dessa forma.
— De-desculpa, não sabia que você estava aqui. — Taka decidiu reagir rápido, ele temia sobre o que poderia acontecer com sua heterossexualidade se continuasse olhando por muito tempo.
— De boa, nem ligo, — o homem mal reagiu nem ficou tímido mas soava um pouco robótico — Sou Luca, vou ser seu colega de quarto.
Eles se cumprimentaram, apenas um aperto de mão comum, porém aquelas mãos brancas pareciam tremelicar um pouco. Taka entendeu na hora, seu colega de quarto estava nervoso, ele não conseguia precisar o motivo, mas provavelmente era timidez.
Logo depois eles se vestiram e o garoto achou curioso como Luca ficava mais feio de roupas. Ele se vestiu com calça e uniforme largos, que escondiam todos os seus músculos e pele bonita. Para piorar como seu rosto era só ok e seu cabelo castanho estava uma bagunça, acabava parecendo só mais um.
Um completo desperdício, mas Taka não se deu ao trabalho de comentar, quanto menos concorrência melhor.
— Luca, sabe o caminho para a classe? Porque eu não tenho ideia.
— Provavelmente sim… — A falta de confiança na voz e o olhar perdido dele, convenceram Taka que era melhor só assumir a liderança.
— Não se preocupe, no aplicativo da escola tem um mapa do campus, acho que consigo achar onde é, só me segue. — Luca concordou na hora com a proposta, ficava mais seguro em deixar a liderança na mão dos outros.
Eles seguiram em um ritmo acelerado até que, passando perto do dormitório feminino, ouviram um grito rasgar o silêncio da manhã e ergueu-se até perfurar o céu.
— NÃOOOO!!! IDIOOTAAAA!!!! — Mais potente que qualquer despertador e até cafeína, aquele foi um dos gritos mais estridentes e agudos que Taka ouviu na vida.
Os dois não eram os únicos por perto, vários outros alunos estavam atrasados para seu primeiro dia de aula, mas todos, sem exceção, se viraram para a direção do grito, até porque ele foi seguido de uma enorme explosão e, verdade seja dita, todo mundo para pra ver desgraça alheia.
No segundo andar do dormitório do primeiro ano, uma imensa quantidade de fogo saiu de um dos quartos, sem dúvidas era uma aluna poderosa. Aqueles os nerds sem nada para fazer da vida já até suspeitavam quem poderia ser, a prodigia Mila era a única, ou uma das únicas, novatas que poderia causar tanta destruição.
Dito e feito, algum tempo depois do grito, uma linda mulher de cabelo laranja pulou do prédio para o pátio onde estavam os observadores, em sua mão ela tinha um garoto que jogou contra o chão violentamente.
Ninguém ousou chegar perto, a mina tava puta e seu olhar ameaçador já afastava geral, isso sem contar as cicatrizes no rosto dela, que só a deixavam mais assustadora. Na hora, até subiu o cheirinho de merda de gente se cagando de medo.
A mulher vestia um uniforme bem largo, que quase escondia suas curvas, assim como escondia algumas armas pequenas facas que ela carregava na cintura. Não que tais armas fossem um segredo, afinal ela estava com uma de suas facas em mãos.
— Sossega garota orgo, juro que foi só um acidente. — O garoto, que deu azar, ou sorte, de passar pelo clichê impossível e viu as volumosas curvas de Mila, agora estava com a vida por um fio.
“Porra, deus dos clichês, você já tá de sacanagem com a minha cara, né? Certeza que fez isso acontecer só para esfregar na minha cara que meu encontro foi normal”
Taka sentiu certa inveja, enquanto ele teve apenas um encontro sem graça, aquele garoto já estava conseguindo algo tão emocionante.
De qualquer forma, Mila colocou um pouco de mana na pequena adaga que aumentou de tamanho se tornando um espada longa padrão, então seguiu para o ataque. — Morra.
Como esperado, algo tão espalhafatoso chamou atenção dos professores, Derick, que era instrutor de combate e correu na direção da jovem para impedir que ela fizesse alguma merda, mas não chegou a tempo, nem precisaria.
— Pera, para de me atacar assim, não conhece boas maneiras? . — Para a surpresa de todos, o garoto que parecia um idiota estava desviando de todos os ataques. Era surpreendente como seu corpo rechonchudo e nada atlético podia se mover bem, ele parecia dançar graciosamente enquanto evitava centenas de golpes irritados.
Endric ficou tão surpreso, que até esqueceu das suas responsabilidades e quis assistir por alguns segundos, para alguém que vivia e respirava artes marciais, aquele era um espetáculo imperdível, estava muito ansioso para ensinar aquele gordo.
Por outro lado, achou os movimentos simplórios de Mila decepcionantes, mas ela estava atacando na base do ódio sem pensar, então era perdoável.
Mostrando confiança absoluta, o gordinho estufou o peito exibindo seu excesso de gordura com orgulho. — Esperava mais, olhar que a área para acertar é grande, mas… — ele colocou as mãos na cabeça e balançou a pança — você não acerta , você não me acerta, lá, lá, lá.
É um retardado, essa foi a conclusão conssenssual de todas as pessoas, não, de todos as coisas vivas ou senssientes naquele lugar, incluindo a espada de um velho ai e um e uma formiga que viu tudo. Nem por isso, o moleque deixou de escapar, por um fio, de todos os golpes.
Mila só ficou mais irritada com tudo, seus ataques se tornaram ainda mais simplórios; mas, como ninguém fazia nada, a intensidade da luta só aumentava, rachaduras por todo o piso seriam deixadas como marca disso.
Naquele ponto, o gordo foi obrigado a parar de zoar e desviar mais seriamente, ainda que continuasse provocando. — Não cansa de tentar chamar minha atenção? Já disse que não vai conseguir, sou difícil.
— Quem é que quer sua atenção, pedaço de merda! — Mila não tinha, nem de longe, o controle emocional para lidar com aquele tipo de provocação, principalmente quando já estava frustrada por não conseguir acertar.
Luca foi um dos mais amedrontados, só faltava ele querer curvar o corpo e se esconder inteiro atrás do Taka, quem, inversamente, nem se assustou e até se aproximou para ver melhor e tentar falar com eles.
— Parem de lutar, isso é idiota! — Não é porque ele foi corajoso de chegar perto, que alguém deu qualquer foda pro gritinho do garoto e as coisas continuaram assim até uma garota vir do céu e parar os dois.
Com uma mão ela segurou a espada da Mila, com a outra agarrou o ombro do gordo que parecia capaz de desviar de qualquer coisa.
“Merda, se ela notar que eu fiquei só vagabundeando ao invés de parar a luta, vou acabar na rua.”
Enquanto isso, Endric tentou sair de fininho temendo por seu emprego.