Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 24
Sapo gigante
Era um enorme e monstruoso sapo, uma besta de rank 7, o tipo de inimigo para o qual se mobilizava todo o exército só para derrotar.
Comparado a tudo que a vampira tinha enfrentado na vida, aquilo era muito mais poderoso. Ela sabia que não tinha nenhuma chance de bater de frente.
Na verdade, em toda a força armada haviam, no máximo, 5 pessoas capazes de lutar contra um inimigo daqueles sozinho e ela não fazia parte desse grupo, mas, talvez, aguentando o suficiente, poderia sobreviver.
Essa foi sua determinação, ela continuou se curando lentamente e procurou tomar o máximo de distância possível. Os ataques do sapo podiam ter um grande alcance e enorme poder, porém eram de disparo lento…
Ou foi o que ela pensou.
Vendo que o oponente estava muito longe, o monstro mudou de tática, sua pele azul brilhou ainda mais e, dela, saíram inúmeros raios.
Para piorar, aquela era uma magia muito especial, pois, depois de subirem aos céus, os raios descem em direção à ruiva. Em um instante algo ficou evidente, aquele ataque estava seguindo seu alvo.
Forçando seu corpo como podia, Hina conseguiu, desviando no último minuto, forçar os primeiros a atingir o solo e algumas rochas. Claro, se forçar a sempre desviar de última hora tinha um preço: logo foi atingida.
Para piorar, a besta não estava nem um pouco afim de aliviar para o lado da vampira, continuou a lançar aquela ataque de forma ininterrupta, logo eram tantos raios, que era impossível desviar.
Recuar tinha sido um erro fatal que colocou a garota em ainda mais desvantagem. Em seu coração, amaldiçoou a própria decisão, mas não se rendeu…
Avançou.
Acelerando como podia, decidiu mudar de estratégia. Ativou a magia de vento, invocou sua espada para usá-la como escudo e correu na direção do sapo.
A distância não era tanta e, em um instante, já estava muito perto. Um ato imprudente.
O monstro, vendo a aproximação, avançou também; com um pulo, estava na frente da Hina que tinha avançado de forma impensada.
Em sua pata, ele juntou uma imensa quantidade de mana e formou umas bolinhas azuis de energia, uma para cada dedo.
No instante seguinte, já tinha atacado a vampira e atingido seu corpo com as bolinhas.
Uma explosão enorme.
No meio de todo aquele fogo, a garota chegou a pensar que sua vida acabaria dessa vez, mas ela resistiu.
— Ha… Ha… — Sem conseguir respirar direito ou pensar, Hina deu alguns passos para trás amedrontada.
No lugar do braço, tinha uma enorme ferida da qual sangue começava a vazar. Suas pernas estavam bambas, por todo seu corpo haviam pequenos cortes e queimaduras e sua mente parecia chegar a um limite.
Já quase sem opção, ela caiu de joelhos no chão, o sentimento de medo era muito forte.
“Eu vou morrer? Eu vou morrer? Eu vou morrer? Eu vou morrer. Eu vou morrer. Eu vou morrer. Eu vou morrer! Eu vou morrer! Morri…”
Com o coração mais apertado do que nunca, nem conseguia mais entender seus próprios pensamentos. A dor se misturava com medo e ela desistiu.
Era uma paralisia completa, um desafio que nunca poderia superar.
“Mas… e toda a minha responsabilidade? Eu tenho que…”
Até o fim, Hina ainda sentia a obrigação de carregar um enorme peso, tinha que se levantar, tinha que lutar, tinha que se debater, tinha que…
Mais uma vez, foi atingida, dessa vez desviou por muito pouco e perdeu uma perna, seu corpo caiu no chão incapaz de se mover.
Era muito para ela lidar sozinha.
Quase desistindo de tudo, Hina se entregou a um sentimento de desespero, acima de tudo, queria sobreviver de alguma forma.
Mas como?
Mesmo tentando, ela só conseguia ver mais um ataque se aproximando, não restava força física ou mental para reagir mais uma vez.
Passiva, viu a língua envenenada daquele sapo se apŕoximar para matá-la.
Só havia uma opção naquele momento, beber sangue.
Podia ser o próprio sangue que ainda estava concentrado numa bolinha flutuante ou o do monstro.
Das duas escolhas, a com maior chance de sobrevivência era a segunda. Hina tomou sua decisão.
Quando foi, por fim, atingida, fez o que pode para segurar na língua da besta e, de forma brutal, mordeu aquilo arrancando um pedaço.
Sentindo um gosto horrível, muito sangue entrou no seu corpo.
Ela sentiu as contrações.
Vampiros são uma raça com afinidade ao sangue, desde contratos por sangue até magias que usam isso, essa era sua característica mais marcante, afinal seus corpos eram capazes de absorver mana através de sangue.
Por assim dizer, apenas tomar, podia ajudar um vampiro a se recuperar de feridas e até a ficar mais forte.
Só tinha um problema, a rejeição.
Absorver energia dos outros não é tão simples, afinal isso se espalharia pelo seu corpo e músculos, podendo ter efeitos bem negativos. Via de regra, se não houvesse os preparativos adequados, haveria rejeição.
Não só isso, a chance de reação adversa aumentava quando falamos de sangue de um monstro. Para piorar, quanto mais poderosa a mana absorvida, pior os efeitos.
Naquele momento, todo o poder daquele sapo, se debatia dentro da Hina. Ela, já sem forças, não tinha como resistir aquilo, era quase como se sua própria energia estivesse se fundindo e misturando com a do monstro, por mais que devesse ser o contrário.
Uma dor insuportśvel veio, tinha cãibras por todo o corpo, seus músculos, loucos, contraiam e relaxavam sem motivo, se rasgando no processo.
Em meio a sua completa autodestruição, a garota aguentou, aguentou a dor, aguentou o desespero, aguentou o caos
E continuou aguentando como podia.
Mas sua consciência cedeu.
Uma bola de sangue foi formada ao redor da garota que, inconsciente, começou a absorver o sangue da besta que não conseguia resistir a isso.
Aquele casulo continuou por um bom tempo, não importava os ataques, aquilo não quebraria de forma alguma, era uma proteção absoluta.
O que Hina mais desejava, era um casulo que a protegesse, queria poder descansar, ter um pouco de paz e foi esse sentimento que perdurou na sua mente destruída.
Mas…
Boom!!
A paz era sempre momentânea em sua vida.
Com uma rajada extremamente concentrada, o ser bestial finalmente conseguiu destruir aquele casulo.
Um grande erro, logo notou o animal. Daquele coisa, saia um monstro muito mais poderoso que ele mesmo.
Com os olhos vermelhos e uma pupila azul brilhando intensamente, com o cabelo tão vermelho que parecia sangue fluindo, com o braço e perna refeitos, pelada e com sangue formando uma armadura que a protegia.
Hina estava de volta, apesar de não mais consciente.
Assim como demi-humanos podiam entrar em um estado de fúria, “humanos elevados” também podiam, na verdade, a única diferença entre os dois, era o status social, de vampiro a meio-dragões, eram todos humanos com um pouco de sangue de monstro misturado.
Enfim, nesse caso, havia mais do que só um pouco de sangue de monstro.
— Arhhhrhh!.
Um grunhido cheio de ódio, raiva, desespero e dor ressoou. Era quase como o arranhar bizarro de uma unha a lousa, apenas de ouvir, qualquer um sentiria aflição.
A fonte daquele desagradável som, sorriu de uma forma estranha, suas intenções e expressões eram difíceis de entender.
Então a vampira começou seu contra-ataque.