Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 28
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- Capítulo 28 - Coelhinho fofinho
Coelhinho fofinho
Lola corou um pouquinho e, olhando fixamente para os olhos do garoto, disse com dificuldade:
— Ta-taka eu queria… êh, agradecer por ter me ajudar com tud… o treino. — No meio do caminho mudou de ideia sobre o que ia dizer, parecia com muita dificuldade para falar algumas coisas simples.
— Não se preocupe com isso, não foi nada demais, inclusive, se precisar de ajuda de novo, pode sempre contar comigo. — Feliz que, pela primeira vez, Lola estava falando mais com ele, Taka respondeu todo sorridente.
Fato curioso, foi naquele dia que o garoto passou a ajudar sempre com os treinos dela, isso até Hina, sua real parceira de treinos, voltar. Enfim, para ele, foi um grande ganho por vários motivos que não precisam ser citados.
De qualquer forma, Lola ainda parecia ter mais a dizer, ela estava tão próxima de se abrir para ele. Taka, claro, notou aquilo, notava cada pequena nuance nas expressões da mulher na sua frente.
Tentando dar a ela confiança, sorriu da forma mais acolhedora que conseguia e se aproximou um pouco, até que tocou sua mão sem querer. Os dois estavam colados.
— Não sei quanto tempo a Hina vai ficar fora, mas tenho certeza que nós dois vamos fazer um ótimo trabalho juntos, né? — Por fim, resolveu tocar no ponto que, provavelmente, seria um bom gatilho para ela se abrir.
— Si-sim… — Lola olhou para baixo e seu corpo começou a tremer um pouco, em resposta, o garoto segurou a mão dela com mais força. A coelhinha relaxou. — Não sei se consigo fazer as coisas direito quando ela não está por perto.
Seu rosto estava mais para baixo do que nunca, a garota estava próxima de se tornar uma bolinha, além do mais, seu longo cabelo, acabava tampando parte da visão do seu rosto e olhos, por isso Taka não pode ver como ela estava corando.
Sem saber bem o porquê, parou na frente da mulher e, no instinto, pegou em seu rosto e o levantou um pouco. Queria falar alguma frase motivacional e dizer para ela olhar para cima, mas, na hora, a vergonha bateu e ele disse:
— Êh… desculpa, suas orelhas parecem tão fofas que acabei pensando em tocar inconscientemente, foi mal… — Seu coração acelerava, tinha muito medo do tipo de reação que a garota teria.
Lola, por outro lado, não entendeu nada, mas riu um pouco, era a primeira vez que ouvia algo do tipo. Via de regra, as pessoas só chamavam suas orelhas de grotescas, então gostou do elogio. Inclusive, suas orelhas de coelho ficaram mais retas e animadas mostrando sua felicidade.
— Pode mexer… acho. — Abaixou a cabeça deixando aquelas coisinhas fofas e branquinhas numa altura perfeita. Logo, Taka começou a, com cuidado, acariciar aquele pelo macio.
Como o esperado, Lola não sentiu nada demais, era só um cafuné gostoso e, não, suas orelhas não eram um ponto erógeno, isso nem faz sentido e, mesmo as pessoas com esse tipo de fetiche, preferem sussurros e sopros, não toques.
Naquela situação, a garota acabou lembrando da Hina, sua amiga era a única que tinha feito algo parecido. Não só isso, por mais que fosse imaturo e meio idiota, algumas coisas sobre Taka a lembravam muito dela, principalmente a tendência a assumir responsabilidade pelas coisas.
Claro, os dois faziam isso por motivos diferentes, Hina por se sentir obrigada, Taka por gostar de atenção e de liderar, mas, para um observador externo, era similar nesse quesito. Sem contar que ambos eram estranhos com ideias muito particulares.
— Você é realmente estranho, tem certeza de que não acha um humano com orelha de coelho algo bizarro ou monstruoso?
— Humm! Não, coelhos são fofinhos, somado a sua beleza, fica ainda mais fofo… acho. — Taka nem pensou no que disse, para ele, era só uma constatação do óbvio.
Envergonhada, Lola desviou o olhar. — Vo-você me acha bonita?
Dando de ombros, o garoto reforçou que aquilo era só o óbvio, ele estava muito focado nas orelhas e tinha esquecido das outras coisas, se estivesse focado, notaria que aquele era o melhor momento de avançar romanticamente.
Com toda aquela situação, Lola sentiu seu coração acelerar de novo, descobriu que gostava de ser elogiada por Taka, mas não conseguia dizer bem um motivo.
Até que uma palavra surgiu em sua mente: “amor”.
Seu rosto ficou ainda mais vermelho, naquele ponto, seu rosto sem expressão tinha mudado muito, ela nem sabia o que fazer. Suas emoções a tomaram, sentiu uma forte determinação e chegou muito perto do Taka, derrubando ele no chão.
— Taka, eu… — Ainda tomada por um calor que não entendia, ela aproximou seu corpo ao do garoto, queria sentir seu calor. — Taka eu acho que…
Naquele instante, seu ouvido captou o som de passos. Seu coração parou e ela se levantou e afastou rápido, em seguida, ficou de costas para o garoto.
— Você deve ser mais cuidadoso, tem que estar sempre com a guarda alta, não pode deixar qualquer um te derrubar, treine isso — com tom firme, inventou essa desculpa.
Para o moleque, aquelas palavras pareciam críveis, acabou acreditando que era tudo verdade, até porque, com ela de costas, ele não conseguia saber que tipo de face, tinha.
— Ei! Querem ir comer? — Para a surpresa de 0 pessoas, o gordo chamou eles para um restaurante, com a recusa da Lola, foram apenas os dois.
Por mais que não tivesse visto quase nada, Rin já teve, de novo, o pressentimento de clima romântico, além do mais, ele gostava de botar lenha na fogueira, por isso, mesmo achando que não era o caso, disse:
— Não acha que a Lola está gostando de você? Nunca vi ela falar tanto com alguém.
Pego de surpresa pela pergunta, o garoto até engasgou. — Não diga essas coisas, tenho medo do que ela faria conosco se ouvisse. — Por fim, sua resposta foi decepcionante e carregada de medo depois da surra que viu.
— Haha! Realmente, ela pode ser muito assustadora. — Por mais que risse, seu corpo tremia de medo e a risada forçada em nada aliviava isso.
Os dois não tocaram mais no assunto e seguiram para um restaurante. Chegando lá, a cara do gordinho se encheu de alegria, era a casa de sopas favorita dele. Rin não teve dó, pediu logo o maior prato que tinham, um ensopado de coelho para uma família.
Vendo o pedido, Taka sentiu certo desconforto. — Não estou nem um pouco no clima para comer coelho, eles são muito fofinhos, me sinto mal pensando que mataram um só para comer. Na verdade, é muito estranho comer um coelho quando penso na Lola.
Já comendo, Rin riu. — Para mim tanto faz, o importante é ser gostoso, isso aqui é uma delícia! Mas também tenho que dizer, a sopa de carne deles é maravilhosa, ahh! Sei que devia fazer uma dieta, mas são tantas opções que não tem como.
Apesar de treinar muito e ter muitos músculos, o garoto não tinha acumulado gordura por acaso, seu apetite dava um jeito de cobrir todos os gastos calóricos do treino e mais, era quase uma máquina de comer.
Dizem as lendas, que ele teria ganho três competições de quem come mais torta no mesmo dia, isso depois de almoçar, porque a torta era só a sobremesa.
No fim, voltaram para seus dormitórios e a tarde tinha tudo para acabar tranquila, mas uma ligação mudou tudo.
— Taka, pode vir me ver um pouquinho. — Com vergonha na voz, Lola chamou e Taka atendeu prontamente, por isso saiu correndo do dormitório.