Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 29
Muito tímida
Logo depois que foi chamado, Taka correu para encontrar Lola. No caso, ela pediu para ele ir até o local de treino e assim ele fez, chegando lá, encontrou a garota organizando tudo.
Assim que viu o garoto, ela desviou os olhos, parecia não saber como encará-lo. Na hora, ele entendeu aquilo como timidez.
Como de costume, Taka tentou usar de um sorriso acolhedor para acalmá-la, em seguida, perguntou com tom leve o que queria.
— Bem… poderia me ajudar com uma coisa. — Como de costume, Lola tinha dificuldade para explicar as coisas direito, cada palavra parecia custar muito.
Mesmo sem os detalhes, concordou na hora em dar uma mão, pediu para a garota sentar e, por fim, perguntou sobre maiores detalhes. O garoto não queria pressionar muito, por isso mantinha ao máximo um tom muito calmo.
— Na verdade, precisamos pedir para a escola liberar uma pequena verba, cada equipe deve pedir quanto acha necessário, se o conselho administrativo concordar, o dinheiro será liberado, mas… — ficou muito envergonhada e parou de falar.
De novo, estavam de volta ao silêncio, seria a primeira vez da garota falando sobre isso para alguém além da Hina, sobre sua timidez.
Para a sorte dela, Taka já entendia a situação e, até certo ponto, conseguia prever o que ela ia pedir, por isso já se adiantou e disse:
— Quer que eu faça as negociações, hehe! Cada vez mais estão confiando as coisas importantes para mim, devo ser muito incrível, né?
A garoto riu um pouco do comentário idiota. — Sim, os administradores não gostam muito de demi-humanos como eu e…
— Você é tímida, né? Entendo, não precisa se preocupar, é só deixar comigo, com a minha ajuda, tenho certeza de que nós vamos conseguir. — Ele pegou na mão dela e chegou muito perto, naquele momento, só estava muito feliz de ter alguém confiando nele.
Ainda envergonhada por admitir toda a sua fraqueza e incapacidade, Lola só conseguiu concordar com a cabeça, enquanto sentia que podia confiar no Taka.
Mas era diferente da confiança que Hina lhe dava. Era sutil, mas enquanto a garota concentrava toda a responsabilidade em si, o garoto usou o “nós”.
— Obrigada. — Tímida, a garota abaixou um pouco a cabeça e agradeceu como podia
— Não precisa me agradecer, Hina deu para a gente a missão de cuidar de tudo, por isso pode contar comigo para tudo. — Sorriu tentando ao máximo confortar a garota, queria ser alguém em quem ela pudesse confiar.
Depois disso, Taka perguntou quando teriam que negociar essas coisas e descobriu que seria naquele dia mesmo. Passada a surpresa, foram logo fazer isso. Era algo simples, ir até o prédio central da diretoria e falar com muitas pessoas.
Primeiro precisava falar com a secretária, aí ela marcava um horário, aí tinha que consultar o contador, depois disso podia falar com o administrador financeiro, por fim, podiam ir fazer o pedido para o ministro das finanças, claro, em todas as etapas era necessário conversar muito com eles.
— Não vou deixar uma demi-humana entrar aqui. — E, antes mesmo de falarem com a secretária, tiveram seu primeiro problema. O guardinha não parecia disposto a facilitar as coisas.
Lola não mostrou qualquer reação facial, mas seu corpo se inclinou levemente para trás e seu olhar se desviou. Taka interpretou isso como medo e deu um passo à frente, ficando entre ela e o homem.
Ele sorriu de forma simpática. — Mas nós temos permissão, sabe? Não vejo porque não nos deixar passar, por favor ajuda ai.
— Não importa se tem permissão, não vou deixar, de forma nenhuma, que essa coisa entre, não só eu, ninguém com bom senso permitiria. Vai que ela tem um ataque lá dentro, é muito perigoso.
O garoto já começava a se irritar, aquele homem tinha uma expressão de completo desprezo além de seu tom de voz cheio de arrogância, não! Acima de tudo, ele conseguia distinguir naquela face inexpressiva da Lola, uma certa tristeza, e, deixá-la triste, era algo que irritava muito Taka.
Queria de alguma forma ameaçar o guarda, fazer ele ficar se cagando de medo e só deixá-lo passar, com isso poderia ser o herói, Lola não ia ficar triste e ainda ia aplaudir ele, seria o resultado ideal.
Mas não tinha como.
Para começo de conversa, Taka não tinha nenhuma ideia de como resolver a situação, também não queria resolver de uma forma a causar mais problemas no futuro, já tinha aprendido sua lição.
Dado tudo isso, ele, a contragosto, digitou em segredo no seu celular, perguntou para Shiori se ela poderia ajudar, a resposta foi: “sim, mas você fica me devendo uma”. Com isso, estava tudo feito, bastava enrrolar até a garota chegar.
— Ei… — Lola segurou a camisa de Taka e envergonhada olhou para ele. — Não precisa se preocupar comigo, posso ficar para trás.
Vendo aquela situação, o guarda já pressionou um pouco mais, dizendo que ela deveria ir embora logo dali porque o lugar estava fedendo a animal.
Bem naquela hora, o garoto já viu que sua salvadora estava se aproximando e decidiu que era a hora de agir.
Taka pegou a mão da garota coelho e a puxou para perto. — Você vem comigo, ok? Moço, — se virou para o guarda — não me importo de ficar uma semana, um mês, um ano ou mais te enchendo o saco, mas uma hora você vai me deixar entrar.
Antes que o homem pudesse responder, uma intervenção veio de baixo. Uma garota vestindo roupas sensuais apareceu.
— Que belo discurso, hein? — Shiori deu um olhar malicioso. — Essa situação parece até que interessante, mas já que está tão determinado, acho que nem deveria intervir, né? — Ninguém além de Taka entendeu aquela ameaça.
Com os olhos, o garoto implorou por ajuda, com isso, a garotinha conseguiu ver a cara desesperada que queria e sorriu satisfeita. Em seguida, tirou uma foto daquele rosto patético em segredo, então se virou para a fonte dos problemas.
— Kei, — chamou-o sorrindo amigavelmente — soube que recentemente você foi considerado um dos melhores funcionários do mês, parabéns, você é realmente incrível. Sou repórter e estava fazendo uma matéria sobre a “polícia” interna da escola, por isso… — Ela se aproximou e, baixa como era, seu decote que revelava o ombro até parte do peito era muito eficiente.
O guarda ficou meio bobo com toda aquela sensualidade, nem conseguiu conter o sorriso direito e achou que aquele era seu dia de sorte. — Muito obrigado, sempre me esforço muito para fazer meu trabalho.
— Sim, sim, eu sei, sua lista de feitos realmente me impressiona, tipo aquela vez que você ajudou contrabandistas a vender aqui dentro, ou aquela vez que você fez vista grossa para um nobre quebrando as regras… ah! Também teve aquela vez que…
A cor foi sumindo da pele daquele homem, Kei estava pálido e sem ar enquanto tinha seus delitos listados, naquele momento sentiu um medo absoluto. A pior parte era o sorriso, o tempo todo Shiori mantinha uma voz e rosto simpáticos, era como se ela realmente estivesse falando de feitos, não de crimes.
— Você é de fato uma pessoa incrível e o mundo precisa saber disso, não acha que seria uma boa ideia eu publicar sobre todas essas coisas?
O coração daquele homem já estava para parar, seus músculos perdem força e ele não conseguia nem implorar para ela não fazer isso. Naquele momento, o homem só conseguia pensar em como sua vida ia virar um inferno.
Shiori deu um pulinho, o segurou pela camisa e o puxou perto o suficiente para poder cochichar no ouvido dele, então soprou em tom suave:
— Mas não se preocupe, tem algo que eu quero de você e, se me der, podemos resolver tudo isso, gatinho. — Propositalmente, fez sua voz soar sexy e até tocou gentilmente as partes baixas do Kei. — Ouvi falar que você faz maravilhas com isso aqui. — Por fim sua mão se foi até o não muito impressionante volume que se anunciava nas calças um pouco justas.
Por um segundo, uma pequena luz apareceu para aquele guarda, a situação que parecia desesperadora estava se revertendo. Claro, ele já não estava racional, por isso era fácil para Shiori brincar com suas emoções, o levando para desespero depois felicidade, então…
— Quero que faça tudo o que meu namorado mandar, agora e sempre. — Sem nenhum aviso prévio, a garotinha deu um passo atrás e envolveu o braço de Taka com seus peitos. Em sua face, não conseguia mais conter o sorriso sádico e carregado de auto satisfação que se formava.
Aquele seria um dia divertido, decidiu Shiori.