Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 3
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Capítulo 3 – Desafio irritante
Uma linda vampira de cabelo vermelho apareceu e parou a luta. — Melhor dar alguns passos para trás, senão vai se machucar. — E, com uma voz doce, mandou Taka se afastar do combate.
Pouco tempo depois, todos já tinham se dispersado, até porque ela mandou que assim fosse. Se dependesse de Taka, ele continuaria assistindo, queria ver no que ia dar, mas a maioria estava indo embora, Luca não queria que eles fossem os únicos a desobedecer e o convenceu a ir com ele.
— Você não sente medo? — Luca olhou cheio de admiração e empolgação. Logo depois, desviou o olhar tímido, teve medo de que estava agindo muito amigável com alguém que mal conhecia. Quero falar muitas outras coisas, mas não conseguia por medo de causar uma má impressão
Um pouco fofo e divertido, Taka gostou da personalidade do seu novo colega de quarto. Bem, no fundo, o que ele mais gostava era da forma como era admirado pelo garoto, Taka adorava receber esse tipo de atenção.
— Sinto medo… acho. — Taka buscou na memória a resposta para a pergunta, não lembrou de nenhum exemplo dele com medo, mas imaginou que alguma coisa devia ter. — E você, do que tem medo?
Olhou para baixo frustrado. — Muitas coisas, acho que sou uma pessoa muito medrosa, queria ser mais como você. — Luca era muito honesto e bastou Taka sorrir de forma amigável, que ele já se soltava bastante, apesar de ainda estar falando com um tom baixo e meio envergonhado.
— Sério? — Por coincidência, o garoto conseguiu falar uma das coisas que nosso protagonista mais gostava de ouvir.
Mostrando sua fofura e beleza quando envergonhado, Luca deu um sorriso sem graça e coçou um pouco o pescoço sem jeito. — Sim, no meio do perigo, um herói avança sem medo, passo firme, em direção aos inimigos, em seu rosto apenas a calma de quem sabe que vai resolver tudo, assim que você parecia.
Luca conseguiu se empolgar bastante na sua análise errada sobre o que aconteceu. No fundo, Taka sentia que não tinha sido nada disso, mas ainda aceitou os elogios de bom grado.
Ele também reparou em outra coisa, aquele garoto tinha um bom sorriso, bastou ele se empolgar para se mostrar, era cativante o brilho puro que ele conseguia ter no olhar.
— Sim, — Taka se curvou de forma galante, como um herói ao rei — sempre ao seu dispor, de todos o mais bravo, o grande herói se apresenta.
Ambos riram da brincadeira dele e o clima foi ficando mais leve. Daí em diante, foram ficando mais próximos,trocaram número de celular e seguiram andando enquanto Luca falava sem parar, até porque ele não conseguia conter a empolgação de estar fazendo um amigo.
Por mais sorridente e falante que fosse, foi alguém que cresceu sozinho na maior parte do tempo. Órfão de mãe, sempre foi protegido e mimado; dentro de sua casa, todos eram mordomos ou empregadas, por isso suas interações eram superficiais.
Resumindo, ela não teve muitas chances de realmente conversar com alguém que não estivesse puxando seu saco. Mas, agora na capital, ninguém saberia quem ele era e, contanto que não contasse, as coisas continuariam assim.
Dado tudo isso, seu grande objetivo era usar o tempo na capital para conseguir amigos e uma namorada, ou quem sabe namoradas? Ele não pretendia buscar diretamente por isso, mas se acontecesse…
Enfim, seu real e mais importante objetivo para o dia estava sendo realizado, fazer um amigo.
Por outro lado, Taka já tinha entendido mais ou menos o caráter do seu colega de quarto, mas achar o caminho para as tendas de avaliação que é bom, nada.
Ele não queria admitir para seu novo admirador que estava completamente perdido, mas nem sabia mais onde estava, para onde ir e como voltar para o quarto.
Então teve um encontro com o destino.
Por uma consciência completamente aleatória, ele viu uma moça de cabelo muito claro, quase branco. Ela andava na direção oposta à deles e tinha rosto familiar. Era a garota do dia que ele chegou, aquela com quem ele não quis ir falar.
Estava andando devagar enquanto mexia no celular, provavelmente conversando com alguém por mensagem e parecia corar feliz. Seus olhos azuis brilhavam um pouco refletindo a tela, com um olhar atento era possível supor que ela estivesse jogando algo.
Seu corpo magro parecia relaxado e seu rosto continuava lindo, ela tinha pele de elfa, muito lisa e clara, feições delicadas e uma orelha levemente pontuda. Com isso Taka supôs que era uma meio-elfa.
Juntando o útil ao agradável; resolveu, ao mesmo tempo, provar para si mesmo que não era tão tímido que fugia de mulheres bonitas e descobrir o caminho.
Sem aviso prévio, Taka foi na direção dela. — Ei! Pode me ajudar, é meu primeiro dia, tô bem perdido sobre para onde tenho que ir, pode me ajudar?
— Sim, claro, estou indo para lá, pode só me seguir — Sophie, a garota, foi muito gentil, ela até explicou como ir para alguns lugares para o Taka e alguns truques para não se perder.
Andaram juntos por quase 5 minutos, nem por isso, Luca foi capaz de dizer um pio sequer. O moleque petrificou, se resignando a mandar um olhar de socorro para Taka, que segurou o riso, ele não esperava essa reação, mas não podia deixar de achar divertido ver a timidez do Luca.
De qualquer forma, esse entretenimento passou logo, eles chegaram ao destino, um grande ginásio, com várias tendas e filas de pessoas querendo entrar nessas tendas.
Taka até queria falar mais com a Sophia, porém mal passaram 20 segundos que eles estavam lá e um homem alto e forte veio se aproximando no horizonte. Ele era ruivo, tinha um cabelo longo que chegava a metade das costas e um sorriso largo, exibindo suas presas de vampiro e seu bom humor.
Os olhos da meio-elfa foram capturados por ele, ela arrumou o cabelo, já se despediu dos dois e foi na direção dele. Vendo isso, o garoto não disse nada, ele não iria atrapalhar a garota que foi tão gentil.
— Você é realmente incrível. — Luca parecia ainda mais admirado, afinal Taka conseguiu falar com a garota como se não fosse nada.
— Não cara, isso é só o normal, enfim depois eu te ajudo com isso, agora temos que procurar para qual tenda temos que ir… deixa eu ver.
Taka começou a olhar os arredores, cada tenda tinha uma placa, basicamente eles dividiam os alunos pela primeira letra do nome, tinham 26 delas por isso. Vendo a diferença no tamanho das filas, o garoto entendeu que não era o melhor sistema.
Enquanto isso, Luca ficou pensando no seu dia, ele estava feliz com o colega de quarto que conseguiu.
— Obrigado por tudo, hoje. — Agradeceu com muita honestidade, desde ser simpático, até ajudar a achar o caminho e a tenda certa, Taka tinha o ajudado muito.
— Nem esquenta, somos amigos… — Taka só teve tempo de dizer isso, então vários estudantes começaram a se mover, uns para a direita outros para a esquerda era como um mar de pessoas se abrindo e os dois foram separados pelas correntes dele.
E por que todos se moveriam assim? Simples, Afonse, o ruivo de antes, estava se aproximando e muitos quiseram ir falar com ele, outros, queriam se afastar o máximo possível.
Nesse vai e vem, as vontades de uma pessoa na multidão eram insignificantes.
Taka ficou meio puto e assim, sem fazer nada, o vampiro já era odiado por ele, ou invejado.
Já Luca estava corando e quase em pane, por mais otimista que estivesse, já ter alguém o chamando de amigo na manhã do primeiro dia, estava muito além de suas expectativas.
A propósito, Taka já tinha notado o que seu colega de quarto queria, por isso disse explicitamente só para deixá-lo feliz, mas não conseguiu completar a frase.
ooo
Voltando no tempo, Hina estava andando por corredores vazios quando ouviu uma explosão distante. Ela e sua melhor amiga, Lola, se entreolharam por menos de um segundo enquanto a vampira pensava no que fazer.
— De novo… — a garota suspirou sem vontade. — Vou ir conferir o que aconteceu, você pode avisar aquelas raposas velhas que vou me atrasar para a reunião.
Lola não teve tempo de responder, muito menos de repreender a amiga por falar mal dos diretores, ou qualquer coisa do tipo. Foi apenas deixada para trás vendo um vulto e uma janela da escola aberta.
Pelo corredor, os professores que estavam por lá viram, pela janela, um vulto passando. Alguns mais talentosos conseguiam identificar uma garota de cabelo vermelho usando magia de vento para cair controladamente, ou, como ela gostava de chamar, voar.
Em um instante, ela já estava perto do pátio De novo, pulou o mais alto que pôde e começou a planar em direção a briga.
Viu logo que eram duas pessoas fortes, ela já até sabia o nome dos dois, assim como o nome de quase todos os alunos da academia. Ela ainda aproveitou o tempo no ar para analisar um pouco a luta, mas por pouco tempo, então caiu mais rápido que pôde entre os dois alunos.
Com sua mão esquerda, segurou a espada de Mila, ao fazê-lo se arrependeu de sua arrogância, foi um golpe forte e ela acabou com as unhas destruídas, depois de dois meses tomando cuidado enquanto lutava para deixar elas crescerem e acabou ali.
Por outro lado, agarrar o gordo foi fácil, afinal o rapaz permitiu ser pego. Hina assumiu, com razão, que ele tinha entendido tudo e não queria causar mais problemas. Ato inteligente, a vampira decidiu aliviar para o lado dele por isso.
Claro, ela também notou o professor vagabundo que tentava se separar daquele lugar, seria difícil não reparar naquela careca lustrosa e corpo musculoso e alto. No entanto preferiu não fazer nada na hora, puniria Endric mais tarde.
— Podem parar com isso por agora, Rin, — Hina olhou para baixo — pode se afastar e, Mila, — ela olhou para cima, tentou tirar a espada da mão da garota; falhou, seu corpo grande não era só enfeite, Mila era muito mais forte fisicamente do que Hina — pode soltar isso?
No fim, a brutamente retomou a razão ao ver aqueles ameaçadores olhos vermelhos e deu um passo para trás, seus instintos gritavam perigo.
— Agora que os dois se acalmaram, podem me explicar o que houve? — Mila foi quem respondeu, contou toda a história de como um garoto aleatório entrou no seu quarto quando ela estava se trocando, como ela ficou irritada e a luta começou. — Entendo, o que tem a dizer em sua defesa, Rim?
— Foi um problema técnico, juro! Posso até te mostrar… aqui, — ele virou a tela do celular para a garota — no aplicativo o quarto registrado é o que entrei. Não percebi que estava indo pro lugar errado, desculpa.
Que saco! Por que os caras não conseguem fazer um aplicativo que funciona, deve ter sido o mesmo problema de parentes de novo! E eu tenho certeza que esse gordo perebeu o que estava fazendo, ele não viu que era um dormitório feminino, porra!
Depois de dois anos seguidos com problemas parecidos, a paciência já estava acabando, mas Hina nunca ignoraria sua posição como líder dos alunos, por isso teve que respirar fundo e ser gentil.
— Desculpa pelos inconvenientes, podem deixar isso para mim, voltem às suas atividades normais.
Ainda cansada, a garota se virou para os dois causadores do problema, primeiro perguntou para Rim se ele tinha algum parente, como esperado, a resposta foi positiva, uma irmã gêmea.
Entendendo a raiz do problema, Hina podia explicar para os dois o que houve. De forma simples, às vezes, o sistema trocava o registro de pessoas da mesma família, porque ele era baseado em sobrenomes.
Na academia militar as pessoas eram, primordialmente, separadas de acordo com as famílias de origem. Como nobres tem vários sobrenomes, isso quase nunca causava problema, mas ainda dava um pouco de dor de cabeça para todo mundo.
— Tudo bem, os transtornos foram, em parte, culpa da escola, então vocês serão punidos levemente, ainda assim começar uma briga no meio da escola é errado, ok? — Hina misturava um tom impositivo com uma expressão gentil.
Vale dizer, a regra de não brigar dentro da escola estava longe de ser cumprida, por isso Hina aceitava aliviar a punição para os dois.
— Entendemos. — Os dois responderam.
Pelo menos as coisas estavam ficando mais fáceis com os dois calmos. — Agora, Rim, liga para sua irmã, não quero mais um problema do tipo e, Mila, pode ir para a diretoria, fica no terceiro andar do maior prédio, já já vou ir para lá, quero falar com você.
A guerreira nem respondeu, ela parecia compenetrada em pensar em alguma coisa idiota. Enquanto isso o gordinho digitava tão rápido quando se esquivava, era impressionante sua precisão, mesmo com seus dedos grandes ele não errava uma tecla sequer.
— Pronto, ela disse que teve o mesmo problema; mas, no caso dela, o colega de quarto estava mais calmo, haha! Eles até ficaram amigos, dei sorte, parece que meu colega de quarto vai ser divertido, um tal de Yan, conhece?
Hina disse que sim com a cabeça, mas ficou um pouco surpresa que a administração quisesse colocar aqueles dois juntos, até porque o Yan era do segundo ano. No fim, ela decidiu não entrar no assunto e só mandou Rim ir para a diretoria.
O garoto obedeceu na hora, por outro lado, Mila não parecia muito disposta a obedecer, estava só lá em silêncio, até gritar:
— Hina, por favor, aceite meu desafio! — Mila corre para atacar Hina.
“Que tipo de pessoa pede por favor e ataca?”
Hina apenas suspira e olha irritada para a garota que destruiu suas unhas. Mila foi quem atacou primeiro, ela já estava irritada e, como líder dos alunos, tinha que ensinar aquela garota a não ser tão agressiva.
Ou seja, ela podia espancar a grandona à vontade.