Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 32
Ana e Yami
No dia seguinte, Taka pulou as últimas aulas e foi correndo para a academia de treino, depois de conseguirem o orçamento, Taka e Lola tinham, por celular, combinado de comprar as coisas já no dia seguinte.
O combinado era para ele chegar mais tarde, por isso nem precisava sair correndo, mas a ansiedade o fez querer acelerar, além do mais, ele queria garantir que ela não ficasse esperando.
Sem se preocupar muito, abriu a porta para a academia e… pelada! Deu de cara com Lola que estava tomando banho no vestiário que tinha lá.
— Que! — No susto, a garota usou uma magia ofensiva, fazendo uma rajada de energia acertar o garoto em sua frente.
Ao mesmo tempo, tentou dar um passo para trás, mas acabou pisando um sabonete caindo de bunda para o chão, mostrando ainda mais.
Ela ainda bateu a cabeça, por isso, e por outros motivos, Taka não podia simplesmente se virar e ir embora, no mínimo perguntou se ela estava bem.
A resposta foi rápida, Lola, óbvio, mandou ele se virar, ela não tinha se machucado de forma alguma, seu corpo era muito resistente afinal. O garoto fez como dito, ficou de costas, ia sair, mas…
— Espera… — Por algum motivo, Lola disse isso.
Virado de costas, esperou, com o coração já acelerado, o que a garota diria. Naquele ponto, nada na situação parecia fazer sentido.
Pelo reflexo de um espelho por perto, Taka, mesmo de costas, viu a mulher se aproximando em toda sua beleza. Mais uma vez, suas expectativas foram às alturas.
Então ela mostrou um rosto envergonha, hesitou e, por fim, falou, lenta e pausadamente, o que queria:
— De-desculpa por, sabe, ter te a-atacado assim que entrou. A culpa é minha por ter te chamado tão cedo e por não ter avisado nada, por isso, desculpa.
Lola parecia ter aliviado um peso do coração, o que não fazia muito sentido, tinha sido só um ataque leve, nada que pudesse machucar de fato.
Enfim, depois de curvar um pouco o corpo para o homem de costas, ela notou, de canto de olho, um espelho posicionado muito mal.
A vergonha percorreu seu corpo e seu rosto corou. Como podia, tentou se esconder com as mãos e braços, mas era difícil esconder tudo aquilo.
— Vo-você… — Meio irritada, Lola exclamou.
— Desculpa, não foi de propósito, você que disse para esperar, então… — Taka suava frio sem parar.
— Ok, apenas… — De novo, ficou muito envergonhada para falar, ao mesmo tempo, sua mente também estava perdida em vários pensamentos.
Por alguns segundos, cogitou dizer “não tem problema, não ligo muito se você me ver”. Não, tinha até a opção mais agressiva de parar de se esconder com as mãos e falar algo como; “tudo bem, considere essa sua recompensa por ter me ajudado tanto ontem”.
Tinha pensamentos ainda mais agressivos e interessantes, até porque seu corpo estava quente, na verdade, seu corpo estava queimando desde aquela sessão de fotos. Aos poucos, formava duas imagens claras, duas pessoas que gostava muito e…
— Sai logo! E não se preocupe, não vou ficar irritada. — Matando esses pensamentos, Lola gritou e mandou ele embora.
Seu coração mais acelerado do que nunca foi se acalmando aos poucos.
“Não posso gostar deles, sou só uma demi…”
Pensando coisas assim, decidiu enterrar as conclusões que teve naquele dia e fazer de tudo para impedir mais aproximação.
— Enfim, apenas saia, vou acabar de tomar banho, depois fazemos as coisas.
Na hora, Taka saiu do banheiro e Lola acabou rapidamente de se lavar. Em seguida, ela colocou as novas roupas de academia que tinha recebido da Shiori e saiu dali.
— Me desculpa por mais cedo!!! — Ao pisar fora do banheiro, essas palavras já alcançaram os ouvidos da Lola.
Em sua frente, estava um garoto curvado a esperando. Ele não chegou ao ponto de fazer um dogeza, mas sua convicção em pedir desculpas estava muito nítida.
— Eh… na-não precisa se preocupar muito com isso. — Pega de surpresa, a garota virou a cara e tentou manter alguma distância.
Em seguida, ela pretendia continuar seu caminho até a sala de treino sem dar um segundo olhar para Taka, mas foi parada. O garoto foi rápido em agarrar sua mão e a puxar. Forçando a coelhinha a olhar para ele de novo, o garoto começou seu discurso:
— Eu realmente não quero que você me odeie, ok? — Seu olhar era penetrante e forte, o que levou Lola a corar um pouco.
Continuando com seu ato, Taka segurou a mão da Lola com força e se ajoelhou. Em seguida, a encarou cheio de espírito:
— Não vou te deixar ir sem conseguir me desculpar direito, faço qualquer coisa para que me perdoe de verdade.
Pega de surpresa, Lola desviou o olhar. — Já disse que não precisa se preocupar, até porque… eh… — teve dificuldade de dizer as últimas palavras, mas ainda conseguiu forçar um sussurro: — não me importo se for você.
Agora foi a vez de Taka ser pego de surpresa, frente aquela palavras tão inesperadas, a única resposta que conseguiu dar foi:
— Espera, então posso ver de novo? — Seu olhar era como de um cachorrinho cheio de expectativa. Frente aquela cara fofa que lhe pedia com tanta vontade, a coelhinha não sabia bem como reagir.
Primeiro ela escapou das mão do garoto e virou de costas, não conseguiria dizer nada direito olhando para ele. Enquanto seu rosto queimava ela reclamou:
— Também não abusa, vamos, me ajude a acabar de arrumar as coisas para as sessões de treino de hoje. — Seguiu andando rápido e não deu chance de Taka dizer mais qualquer coisa. Por enquanto ela tinha resistido aos seus sentimentos.
Ainda um pouco nas nuvens por toda a situação, Taka seguiu logo atrás. Foram primeiro até a arena, lá Lola tinha passado a noite preparando vários treinamentos para Rin, Mila e os dois novatos que se juntariam no dia.
Sua dedicação era bem impressionante e, olhando com mais calma e atenção, era possível notar que seu olhar parecia um pouco cansado. Abaixo dos seus olhos, eram perceptíveis as olheiras escondidas por maquiagem, seu corpo parecia mais curvado que o normal e seu passos menos firmes, ou seja, estava cansada. Não só isso, Taka também percebeu pequenos curativos na mão da garota.
— Ei, o que aconteceu? — perguntou apontando para os curativos.
Lola continuou trabalhando e não se virou para Taka. — Nada demais, apenas me cortei sem tetando fazer bolo.
— Bolo? Onde? Quero muito provar a comida que você fez, hehe! — De novo, o garoto foi às nuvens, em sua cabeça, ela definitivamente estava tentando cozinhar para ele.
Cortando a empolgação, Lola explicou que ele só poderia comer os doces quando estivessem todos lá. A garota tinha preparado tudo para dar boas vindas aos recém chegados e para dar um agradinho aos que já vinham treinando tanto.
No fim, em voz baixa, a coelhinha ainda confessou que não era bom em interagir e acha que Mila e Rin não gostavam muito dela, por isso tentou fazer algo legal para ser simpática. Naquele momento, ela até se virou para Taka mostrando sua cara toda vermelha e seus sentimentos mais honestos.
Mais uma vez, Taka foi às nuvens, a coelhinha era muito fofinha. Mas conteve os sorrisos que tomava sua cara e tentou agir de forma legal oferecendo ajuda para experimentar os doces e melhorá-los. Com isso ficou decidido que iriam para a cozinha.
— Aqui, esse foi o chocolate que fiz, espero que não ache muito ruim… — Envergonhada e de cabeça baixa, Lola esticou a mão e ofereceu um pequeno chocolate em formato de coração.
Rapidamente, Taka aceitou a oferta e deu uma mordida com gosto… Doce! O ardor tomou a garganta e ele quase tossiu, era doce, muito doce. Parecia que estava comendo meu puro de colher.
— O que achou?
— Não é ruim, só tem um problema, o doce é… — “Intragável, não dá para comer” pensou Taka, mas optou por um eufemismo: — adocicado demais, então arde a garganta, sabe?
— Entendo, acho… — Lola tentou provar o chocolate também. — Hummm! Tem certeza? Achei que com doces, quanto mais açúcar melhor. — Enquanto falava, ela continuava comendo mais do chocolate. Lola era do tipo que derretia açúcar para comer caramelo puro, por isso seu paladar não era dos mais confiáveis.
— Não é bem assim, Lola, — ele tocou nos ombros dela e olhou seriamente para a garota — Vamos para uma loja de doces, você tem que experimentar os mais populares para usar de base, isso que você fez é uma bomba mortal.
Frente a crítica mais veemente, as orelhas de coelhinha baixaram, que ficou em silêncio enquanto o garoto liderava o caminho. Ele se sentiu um pouco mal por ser tão assertivo, mas era necessário, aqueles doces podiam acabar matando alguém.
Então, quando Taka ia abrir a porta, Lolla o abraçou por trás e parou sua mão. Naquele momento, as orelhas da garota captaram algo.
A atmosfera e olhar da garota mudou completamente, ela tapou a boca do Taka e sussurrou seriamente:
— Alguém invadiu o armazém, pode ser perigoso sair assim. — As instalações de treinamento, contavam com uma academia, a arena de lutas e o galpão, onde guardavam equipamentos, comiam e lá tinha até um quartinho para se alguém precisasse dormir.
Ao longe, Lola conseguiu perceber que alguém tinha invadido o armazém deles. No caso, duas pessoas tinham se esgueirando secretamente.
Provavelmente não era nada, mas seus sentidos já estavam em alerta. Tudo sobre ela tinha mudado, sua voz não carregava a hesitação costumeira, sua respiração estava mais calma e seu olhar gélido.
Sua aura de assassina estava tão forte, que até o abobado garoto notou a seriedade da situação. Nem por isso, ele deixou de adorar o abraço por trás.
— Vamos conferir o que está acontecendo com cuidado. — Por fim, Lola decidiu averiguar as coisas, enquanto tentava aguçar ao máximo sua percepção.
Além daquelas duas pessoas, também conseguiu notar mais algumas longe, mas não sabia e eram só estudantes fazendo nada, ou algum tipo de problema.