Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 33
No escurinho
Silenciosamente, Taka e Lola se esgueiram para fora da cozinha sem serem notados pelos dois misteriosos invasores.
Graças a audição e percepção excelente da Lola, ela conseguia guiar os dois mesmo em meio a escuridão. No armazém, com todas as luzes apagadas, os dois observaram silenciosamente a invasão.
Era um homem gordo e alto, pelas roupas, parecia ser algum funcionário burocrático, talvez algum membro da direção da escola ou algo do tipo. Bem, como ele conseguiu entrar no lugar sem quebrar nada, já era possível inferir que ele tinha algum tipo de chave mestra para abrir a porta do galpão.
Junto com o engravatado calvo, havia uma garota jovem. Era uma demi-humana com orelhas de raposa, bonita, baixinha e provavelmente uma estudante. Não era necessário ser um sherlock holmes para saber que tinha algo de estranho na história.
Só dever, Taka supôs que, no mínimo, se tratava de abuso de autoridade. Primeiro, o cara tinha uma puta cara de babaca, que já depunha muito contra ele. Mas, além dos preconceitos de Taka, havia outros sinais, a forma hesitante como a garota entrava na sala e o fato de ela estar sendo praticamente arrastada, deixavam claro que aquela não era a mais consensual das situações.
Por fim, era impossível não notar como o olhar daquela mulher raposa era estranho, parecia vazio. Por exemplo, se ela estivesse hesitando por vergonha, o normal seria olhar continuamente para os lados. Por outro lado, se estivesse sendo chantageada, seria natural que seu olhar carregasse ódio. Enfim, nada disso era visto, afinal ela só olhava para o teto de forma estranha, parecia até estar em transe.
Toda a estranheza da situação, levou Taka a suspeitar que aquilo fosse algum tipo de magia, por isso focou mana em seus olhos. Apesar do escuro, tudo ficou brilhante, ele agora podia ver os fluxos de mana do local. Focando sua atenção no suspeito casal, o garoto constatou o óbvio, tinha algo errado.
Do bolso do engravatado, saia um intenso fluxo de mana, que se dirigia até um brinco preso naquela fofa orelha de raposa. Ao chegar no brinco, a mana era modificada, se separando em pequenos fios que se espalharam tocando vários pontos da cabeça da garota.
Infelizmente, os dois estavam distantes e tinha pouco que Taka conseguia analisar dado a distância. Por outro lado, Lola nem conseguia usar a habilidade de ver mana. Como nenhum dos dois tinha certeza do que estava acontecendo, decidiram assistir em silêncio sem agir precipitadamente.
Sem saber dos observadores, o calvo resolveu agir de forma mais bruta: assim que estavam bem escondidos no escuro, ele jogou a garota contra a parede e começou a forçá-la a tirar as roupas. Fracamente, a raposa ainda tentou empurrá-lo para longe, mas suas braças perderam a força em pouco tempo.
Vendo o estado fragilizado da garota, um sorriso repugnante surgiu no rosto do homem que forçou a garota a abrir as pernas colocando a mão na coxa dela. Frente a frente, a garota ainda disse um quase inaudível “não” antes de ter seus lábios beijados forçadamente enquanto suas roupas eram rasgadas.
— Só para ter certeza, aquela garota, ela está consciente? — Lola perguntou com um tom irritado. Como os dois estavam de mãos dadas no momento, Taka sentiu seu aperto forte, a raiva dela parecia próxima de uma explosão.
— Não sei bem qual o efeito, mas aquele cara está usando uma magia que afeta a mente dela, mas não tenho a menor ideia de qual seja o efeito.
O aperto ficou ainda mais intenso, por um instante, Taka pensou que ela ia transformar a mão dele em picadinho, mas, para sorte dele, Lola notou o que estava fazendo e parou antes do dano ser irreversível.
— Devemos fazer alguma coisa para parálos. — Por mais que seu coração estivesse cheio de ódio, ela ainda não conseguia decidir, por si mesmo a, agir, por isso precisava perguntar pela confirmação do Taka antes.
O garoto que já não tinha ido com a cara daquele engravatado gordo desde o começo, deu sua aprovação. — Vamos acabar com a raça dele e entregar para a direção.
— Ok, vou imobilizar ele, fique aqui, tem algumas outras pessoas lá fora e acho que elas podem estar com esse cara, vai ser perigoso, se as coisas derem errado fuja.
— Mas…
— Relaxa, eu consigo me virar e vai ser difícil ficar te protegendo se tiver vários inimigos, então é bom fugir, ok?
Como era inegável sua inutilidade em combate, Taka não teve como contra argumentar e ficou quietinho no seu canto. Enquanto isso, Lola avançou suavemente pela escuridão, se guiando pelos baixos gemidos e sons em meio toda aquela escuridão.
Em um instante, ela se colocou entre o homem e a garota, levantando facilmente aquele grande corpo e separando os dois. Com um olhar irritado e tom cheio de raiva, ela perguntou para o homem:
— O que está fazendo? Sabe que a escola concedeu esse campo de treinamento para nosso time, não pode entrar aqui, muito menos para fazer esse tipo de coisa.
A reação do homem foi, num primeiro momento, levantar a mão em rendição, mas seu rosto mostrava sua clara insatisfação e raiva.
Boom!
Em poucos segundos, a explosão aconteceu e o galpão foi invadido à força, naquela hora, quatro pessoas entraram escondidas.
Como aquela era justamente uma área de treino e bem isolada da escola, ninguém se importava com uma ou outra explosão, só tratariam como alguém exagerando ao praticar uma magia ou algo assim.
E logo Lola estava cercada por três homens que vestiam uma espécie de armadura completa. Era trajes comuns para combate, roupas pretas com boa elasticidade para não atrapalhar o movimento, com algumas partes reforçadas com fibras super resistentes.
Antes de dizer qualquer coisa, os três partiram para o ataque. O maior e mais forte deles, carregava uma grande espada e ficou entre Lola e o gordo, já os outros dois, tinham com elas várias armas e começaram o disparo incessante.
Uma bala comum não seria capaz de atravessar a pele resistente da garota coelho, mas quando imbuídas em mana, podiam causar algum dano, além disso, granadas de luz e equipamentos que transmitem sons em alto frequência eram muito irritantes e deixavam ela praticamente surda e cega.
Não só isso, eles aproveitaram seu momento com os sentidos debilitados e fuçaram “robôs taser”. eram pequenos robozinhos com formato de disco que cercaram a garota e podiam atirar além de terem tasers.
Os disparos e choques vinham de todos os lados, enquanto isso, aquele som infernal que só um demi-humano conseguia ouvir, continuava a debilitando. era quase enlouquecedor, uma técnica de combate criada justamente para levar um demi-humano ao limite da sua sanidade mental.
Apesar de tudo, Lola se mantinha firme e não perdeu a razão, não era fácil fazer ele entrar no modo “berserk”. Aos poucos, também conseguia se acostumar com os ataques e destruir alguns dos robôs.
E quando tudo parecia ir bem, o engravatado sacou uma pequena pistola e fez um disparos, apenas uma bala, mas seu efeito foi devastador.
O projétil atingiu a coxa da Lola, perfurando apenas um pouco sua pele, então runas começaram a aparecer e se espalhar pelo corpo da garota.
“Mate, morra, dor, onde estou? Espera, precisa resistir… Não!”
Uma dor de cabeça insuportável acometeu Llla, que cambaleava em meio a todo aquele caos. Ela tentava manter a consciência, mas sua mente estava girando, então…
Uma enorme explosão, em um instante, ela tinha destruído todos os robôs. Respirando pela boca e com sangue escapando pelas feridas que não quis curar, Lola estava completamente bestial.
Sem qualquer controle, partiu para cima do homem com uma grande espada que atingiu perfurando sua barriga, mas ela nem se importou e girou com a espada na barriga tão rápido que a lâmina se compôs.
De forma bestial, ela avançou com uma ferocidade absurda, segurou o braço do homem e o arrasou à força, destruindo os músculos e ossos.
Em seguida, ela socou sua cara com toda a força, afundando seu crânio no chão e, como um animal, mesmo recebendo inúmeros tiros, ela continuou socando até fechar completamente o crânio daquele homem.
Claro, por mais bestial que fosse seu estado mental, ela ainda tomava dano, o sangue perdido era um problema e seu corpo enfraqueceu rapidamente.
Cambaleando, Lola avançou para seu próximo ataque enquanto ria de forma bizarra.