Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 35
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Até às últimas consequências
“Apenas me matem logo.”
Quando sua mente estava perdida e apenas restavam os pensamentos suicidas, seu corpo colapsou. A dor continuava intensa, a fadiga mental, as vozes e ilusões a destruiam até o ponto que não restasse vida em seus olhos.
Apesar de tudo, ela ainda olhou para o canto em um lapso de memória, no seus momentos finais, não podia deixar de se preocupar com Taka… Mas ele não estava lá! No seu esconderijo, onde deveria estar seguro, longe de toda a luta, Taka não estava mais lá, ele tinha se movido.
Se esgueirando pelas sombras quando todos olhavam apenas para a coelha sendo torturada, o garoto se moveu. Enquanto ninguém prestava atenção, derrubou seu primeiro inimigo, o elfo que filmava toda a situação.
Era alguém pequeno e usava as mesmas roupas que os três lutadores, mas estava escondido e completamente focado em filmar Lola, desde seu momento berserk até sua queda, a ideia era coletar imagens que denegrisse a imagem dos demi-humanos.
Obviamente, focado no que filmava, ele não olhou para trás em nenhum momento e, com facilidade, Taka conseguiu atingir sua nuca com um golpe preciso e, antes que seu corpo atingisse o solo, ele o segurou evitando qualquer barulho.
Amarrou o pequeno elfo, roubou sua câmera, guardou o cartão de memória no bolso e, por fim, destruiu o objeto sem fazer barulho.
Para finalizar, teve que se esgueirar mais uma vez pelo galpão. Os dois combatentes, focados na Lola e relaxados, não prestaram atenção, além de terem ficado próximos da garota coelho e um pouco distantes do gordo.
Naquele momento, os choques continuavam a estalar intensamente e o ódio preencheu o peito de Taka, mas ele ainda se moveu devagar, não podia ser pego.
Frustrado, viu o olhar de Lola perder a vida e seu coração parar de bater, mas continuou se aproximando em silêncio sem ser notado.
Então pulou da escuridão!
Claro, os dois capangas notaram o movimento, mas já era tarde demais, pois em um instante a mão do Taka já tinha encostado na nuca daquele engravatado.
Com seu olhar pulsando de ódio, ele nem hesitou em matar. Ativando uma runa específica, conseguiu aquecer a cabeça do homem rapidamente, literalmente fritando seu cérebro por dentro e queimando o pouco “cabelo” que restava em sua cabeça oval e gordurosa.
Como uma fruta madura, o homem despencou, foi um instante, mas todas as suas funções motas deixaram de existir, tudo o que sentiu, foi um pico de dor do seu corpo queimando, então tudo apagou.
Taka não perdeu um segundo olhando para o cadáver, sua atenção se voltou para Lola que ainda parecia imersa em dor, desespero e agonia.
— Lola, acorda. — Naquele momento, ele estava perto o suficiente para conseguir analisar aquela runa que era bem simples, por isso conseguiu a desativar com surpreendente facilidade.
Em um instante, tudo que parecia ir conforme o plano, tinha se transformado num cenário caótico, os capangas não sabiam bem como reagir, mas ainda escolheram atirar primeiro e perguntar depois.
—Tolos, o que pensam que estão fazendo? Vou… — Taka pretendia gesticular exageradamente, estender a mão para Lola, a puxar para perto e então acabar com os dois inimigos restantes, mas os tiros vieram antes que pudesse sequer acabar sua primeira frase.
“Porra, pelo menos deixa eu acabar minah entrada maneira!”
Sem tempo para pensar em mais nada além de suas idiotices, o garoto levantou um escudo que mal conteve os ataques, no fim, ele ainda era fraco e no próximo disparo provavelmente morreria, até porque quase não lhe restava mana.
Enquanto isso, por mais que a magia tivesse sido parada, o dano já estava feito a mente de Lola que continuava semi-viva, mesmo assim, ao ver Taka em perigo, seu corpo reagiu instintivamente para tentar protegê-lo.
Em sua cabeça, os resquícios daquela voz e uma culpa excruciante ainda restavam, mas ela não deixaria de forma nenhuma alguém tocar no Taka. Naquele instante, ela o reconheceu, mesmo que inconscientemente, o garoto como seu mestre, como alguém em quem deveria confiar, por isso, depois de parar os ataques, perguntou:
— O que eu faço?
Pego de surpresa, Taka não respondeu imediatamente, mas depois de conseguir entender mais ou menos o que devia estar acontecendo, ainda conseguiu dar ordens simples e apressadas:
— Imobilize aqueles dois.
Apesar de cansada e muito machucada, Lola estava mais racional do que quando tinha perdido o controle e, tomando cuidado com a defesa, avançou. Os truques que os dois usaram para pará-la no seu estado bestial, não funcionam na Lola atual e mal daria para chamar o que se seguiu de luta.
Em pouco tempo, os dois tinham sido dominados e tinham perdido a conciência, seus rostos no chão e vários ossos do corpo quebrado. Ainda sem expressão e cheia de dúvidas, Lola começou a chorar, sua mente ainda estava confuso e ela se sentia muito mais mal por seu assassinato do que deveria.
— O que faço agora? — Dessa vez num tom muito mais desesperado, a mesma pergunta foi repetida.
Lágrimas rolavam ferozmente pelo rosto da coelha, cujo corpo tremia e perdia as forças. A fadiga mental e física a destroem, enquanto, em sua mente, o medo de ser presa, o medo de ter estragado tudo, a culpa, a confusão, tudo isso a deixou em um estado de pânico completo.
— Eu estraguei tudo, né? Eu vou ser presa, né? Desculpa, desculpa, o que vamos fazer agora? Tudo porque perdi o controle, seu eu… Droga! O que vamos fazer? — Ainda confusa, Lola temia as consequências de todo aquele caos.
Em frente aquela Lola desesperada, Taka mostrou a expressão mais confiante que conseguia, sorriu exageradamente e, com o dedão, limpou as lágrimas no rosto da garota.
Apesar de toda a situação, apesar de ter matado alguém pela primeira vez, apesar de todos os problemas com os quais teriam que lidar, a mente de Taka estava calma, de repente, ele parecia ter uma estranha, e talvez infundada, confiança.
— Não é óbvio? Agora vamos até às últimas consequências — sua voz era firme, confiante e fria, seu olhar carregado de ódio parecia com o de um assassino.
Então, sem olhar, atirou uma magia no elfo que tentava escapar das amarras em segredo e fugir, o disparo atingiu sua cabeça em cheio e a terceira morte foi confirmada.