Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 36
Por um momento, Lola viu refletida na imagem confiante de Taka alguém familiar, mas, ao mesmo tempo, era muito diferente.
O discurso era bonito e o garoto até transmitia confiança, mas isso não significava que todas as inseguranças de Lola sumiram de uma vez.
— Qual seu plano — Primeiro, ela quis confirmar o que fariam a seguir, até porque já tinha notado a tendência à impulsividade de Taka.
— Bem… — desviou o olhar — vamos investigar e… Acabar com os culpados! Quando tivermos provas o suficiente, podemos nos safar.
— Isso parece meio vago.
— Êh… vou pensar melhor no resto depois, por enquanto precisamos conseguir mais informações. Além do mais, não precisa se preocupar, qualquer coisa dou um jeito… — apontou para o próprio peito com confiança, mas completou com um sussurro quase inaudível — no caso, o Yan dá.
— Tem certeza? Podemos realmente ser presos?
— Já dia, vai dar tudo certo, não precisa se preocupar. — Taka gesticulou relaxadamente e quebrou mais um cristal de mana. — Em último caso, é só colocar a culpa de tudo em mim e você se safa, não é como se eu fosse ser preso por matar duas ou três pessoas.
Todo militar era julgado na corte militar, uma que não era conhecida por sua honestidade ou por suas decisões técnicas. Sendo amigo de alguém tão influente como Yan, Taka só seria punido severamente se fizesse algo muito grave. Isso sem contar a possível interferência da Hina, se ela se metesse, era capaz de nem haver punição.
— Sei que não sou a pessoa mais confiável do mundo, mas vai dar tudo certo, só deixa para mim, ok? — Com um grande sorriso, estendeu a mão para ajudar a coelinha a se levantar, já que ela estava sentada no chão exausta.
— Hummm… muito obrigado. — Tímida e retraída, aceitou a ajuda. Assim que as mão se tocaram, o garoto usou uma magia de recuperação curando boa parte das feridas.
Taka puxou a garota com um pouco de força, com isso ficaram frente a frente, poucos centímetros separavam seus rostos. Daquela distância, era possível sentir a respiração irregular da Lola.
— De-desculpa por causar tantos problemas… — Sem encarar o garoto olho no olho, ela abaixou a cabeça e sussurrou enquanto tremia um pouco.
— Por que está se desculpando? — Usou um tom firme. Gentilmente, tocou no rosto da garota e o levantou até que os olhos se encontrassem.
De pertinho, viu aquela linda face, sua pele bronzeada, seus olhos avermelhados, seus traços delicados, sua insegurança e toda sua beleza. Inconscientemente, Taka sorria só de olhar para ela, ao mesmo tempo, se irritava.
— Primeiro, nada nessa situação é culpa sua, entenda logo isso. — Por algum motivo, a forma, que o garoto encontrou, de enfatizar a mensagem e sua irritação foi dar uma cabeçada, o que resultou nos rostos ainda mais próximos.
— Ai… — Inconscientemente, Lola soltou um leve suspiro de dor e supresa.
— Além do mais, não tem porque se preocupar em me causar problemas, mesmo se fosse culpa sua, ainda me arriscaria para salvar sua pele, porque você é minha… —
Taka hesitou, naquele momento uma pergunta tomou sua mente: qual era a relação dos dois? Tecnicamente, eles mal se conheciam a tempo o suficiente para se chamarem de amigos, no mínimo, o garoto tinha vergonha de chamá-la de amiga, sem saber como Lola pensava.
Por outro lado, a pausa acabou fazendo Lola entender a frase de outra forma. Sem que Taka notasse, ela corou um pouco e seu coração acelerou muito enquanto algumas imagens estranhas se formavam na sua mente. Lola não admitiria, mas adorou as coisas que sua imaginação criou.
Ainda sério e irritado, Taka balançou a cabeça ignorando pensamento idiotas e encarou a mulher de novo. — Enfim, sempre que precisar vou te ajudar, entenda isso! Você é importante para mim e é alguém muito foda, me irrita quando se coloca para baixo assim. — Finalizou o discurso se afastando um pouco e fazendo cafuné no cabeço da coelhinha na sua frente.
O rosto de uma certa garota queimou naquele instante. Com o coração mais acelerado que nunca, Lola encarava cheia de paixão aquele rosto que ainda estava perto. O amor é poderoso e mudava tudo, naquele instante, não existia nada melhor, para ela, de observar do que aquele rosto.
Impulsos mais selvagens tomaram seu coração e mente, ela teve que se segurar para não pular naquele momento. O cheiro, a respiração, o calor do seu corpo, daquela distância, conseguia sentir tudo aquilo e queria sentir ainda mais.
A garota quis se aproximar, mas seu homem já tinha acabado de falar e estava dando um passo pra trás. Em câmera lenta, viu a distância de poucos centímetros aumentar, logo ele estaria longe demais e seu coração apertava ao pensar nisso.
Os batimentos aceleraram ainda mais! Estava quente, muito quente, a coelha queimava por dentro, o sentimento era muito mais forte que antes. Se quando se encontraram no banheiro ela cogitou negar seus sentimentos, agora, aquilo que era uma fogueira, incendiava tudo, não tinha mais como apagar seu fogo.
Antes mesmo que notasse, seu corpo já tinha se movido. Lola pulou no garota que se afastava, um movimento brusco que acabou derrubando os dois no chão.
Mesmo depois de cair, a coelha agarrou com força seu homem e não quis soltar de forma alguma, seus instintos não permitiam.
Enterrou a cabeça no peito dele e ficou sentindo seu calor, seus batimentos cardíacos, seu cheiro. Estava imersa num mundo próprio de paixão, inconsciente dos arredores.
— Êh… Lola, o que está fazendo? — Foi só quando Taka perguntou isso, que o rosto da garota ferveu e ela retomou seus sentidos.
Nem por isso soltou o aperto.
Não queria se afastar, não ia soltar de jeito nenhum! Ela queria continuar sentindo aquele calor, seus sentimentos continuavam firmes.
Sem saber direito como lidar com os sentimentos crescentes, Lola decidiu inventar uma desculpa para continuar naquela posição e pediu:
— Pode me abraçar? — De propósito, usou uma voz frágil e insegura, queria ter certeza de que Taka não recusaria.
Sem nem perguntar mais nada, o garoto gentilmente a envolveu com os braços e fez um cafuné suave em sua nuca.
— Já disse que vai ficar tudo bem… — usou o tom mais gentil que conseguia, então continuou sussurrando cada vez mais baixo — vai ficar tudo bem… ficar tudo bem… bem…
Apenas ouvir a voz do Taka enchia o peito da Lola com felicidade, aos poucos ela sentia saciedade por toda a sua alma, então…
— Mas que belo casal… — Uma voz familiar surpreendeu os dois.