Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 4
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Capítulo 4 – teste de aptidão.
Deixando toda a confusão para trás, Taka seguiu animado até sua aula, ele queria fazer o quanto antes seu teste de aptidão, essa era a primeira coisa que todos os primeiro anistas faziam.
Claro, em sua cidade natal, ele já tinha testado seu poder e talento; mas é só aos 18 anos que o potencial de alguém se consolida, muitos jovens, aparentemente comuns, se descobriam extraordinários nesse teste.
Óbvio, Taka estava com expectativa de ser um desses, independente das baixas chances, seu otimismo era alto. Alto até demais, sua ansiedade era tanta quando entrou na fila, que cada segundo parecia uma eternidade.
Finalmente chegou a vez do garoto, que mal entrou na pequena sala e já se sentou em uma cadeira, em sua frente tinha um homem com cara de entediado, era Rick.
— Pode fechar a porta. — Sem vontade, o avaliador ordenou para sua assistente, pois todas as informações eram confidenciais, lá dentro só sobravam os três. — Ok, coloca sua mão nessa bola de cristal e coloca toda sua mana aí.
Taka até tentou esconder a empolgação para não contrastar muito com o clima na sala, mas quando viu aquilo seus olhos brilharam cheios de expectativa, ele tinha esperado tanto tempo para saber se tinha talento.
Rick não se comoveu nem um pouco com a empolgação, se manteve atento, começou a anotar uns números, até notar que algo estava estranho e dizer:
— Pode parar, — ele esticou o braço e colocou a mão na bola de cristal — dê alguns passos para trás, rápido!
Mal houve tempo para reagir, o objeto explodiu e seus fragmentos foram para todo o lado; Rick conseguiu se defender bem e Taka, por sorte, acabou só com um arranhão perto do olho, mais alguns centímetros e ele poderia ter a visão prejudicada.
O garoto se surpreendeu com o sangue escorrendo pela bochecha, mas se recuperou do susto rápido, em seus olhos o brilho até aumentou, afinal aquilo não parecia normal, talvez fosse algum poder especial, por isso perguntou:
— Sabe o que foi isso?
— Êh… — Rick, que ainda estava tenso, demorou um pouco para entender tudo; mas, depois de olhar ao redor, tentou explicar: — Não tenho certeza, deu algum problema… êh! Desculpe o inconveniente, vou tentar conseguir um novo equipamento para o teste; por enquanto, podem arrumar as coisas e jogar os restos aqui
Rick tirou um saco plástico da sua gaveta, deu para sua assistente e saiu. A garota, que não tinha se machucado, começou a coletar os pedaços de cristal espalhados, Taka também se propôs a ajudar.
Em pouco tempo tudo estava limpo e o teste foi recomeçado. Empolgado, Taka colocou a mão na bola de cristal, seu coração batia forte com todas as expectativas.
Um brilho forte o pegou de surpresa e várias cores misturadas apareceram no objeto, Taka, claro, não tinha a menor ideia do que aquilo significava, por isso olhou para Rick cheio de expectativas e dúvidas.
O homem colocou a mão na bola de cristal. — Rank geral… 5.7, talentos específicos, êh… estranho… — Rick franziu um pouco o cenho, tirou a mão da bola e colocou de novo apenas para ter certeza. — Lamento, você não tem nenhum talento específico, mas pode olhar os dados com calma depois, vou imprimir para você.
Em segundos todas as esperanças e expectativas do garoto tinham sido destruídas, rank 5.7 não era ruim de forma alguma, mas não ter nenhum talento específico era muito incomum.
“Então eu não sou bom em nada, já devia esperar isso, mas…”
No fim, o teste de aptidão era uma confirmação numérica do que a pessoa, muitas vezes, já sabia. Taka sempre foi assim, ele podia aprender tudo mais ou menos, mas nunca se destacou em nenhuma das 4 áreas da magia.
E no fim seu resultado foi:
Categoria: | Valor | Média ampla | Média de profissão |
Rank geral | 5.7 | 4.8 | 5.2 |
Magia de suporte | 5 | 3.5 | 8.6 |
Magia de consolidação | 6.1 | 5.2 | 7.9 |
Magia externa | 5.9 | 5 | 8.3 |
Magia interna | 5.9 | 5.3 | 7.7 |
A tabela era organizada da seguinte forma, a média ampla era na qual se consideram todos os soldados em atividade, já a por profissão é a que considera a média dos soldados atuando em cada área, no caso a média do rank de todos os soldados atuando na área média era de 8.6.
Só de olhar a tabela Taka sentia um aperto no coração, por mais que seu rank geral fosse mais alto que a média dos soldados profissionais, ele estava muito abaixo nas áreas específicas. Em uma equipe onde um teria que compensar as fraquezas do outro, ele era inútil, ele não tinha função na atual engrenagem do exército.
O pior, aqueles números representavam o potencial máximo possível de alcançar com o corpo dele, ou seja, mesmo treinando muito, aqueles valores nunca se alterariam.
Obviamente o garoto ficou abalado, ele nem sabia como iria contar isso para os outros, tinha medo de acabar sendo desprezado por ser fraco e não conseguia parar de pensar nisso.
Enquanto isso, os dois que foram deixados para trás dentro da tenda se entreolharam por um tempo. A assistente foi a primeira a perguntar:
— O que houve? Quer que eu assuma o trabalho no seu lugar, você não parece bem?
— Relaxa, é só que… não sei, vou só avisar aquela garota para ficar de olho nele, espero que não seja mais uma pessoa problemática para minha vida. — A voz e olhar daquele homem já tinham perdido a visa por causa do cansaço, ele se “arrependia” do dia que escolheu lutar pelo que acredita.
A assistente teve até um pouco de pena. — Tem certeza de que não quer descansar um pouco?
— Bem, se está tão preocupada, por que não faz uma massagem em mim? Bem aqui embaixo, estou sofrendo taaaanto. — Ele preferiu apenas mudar o assunto, para isso tomou um soco, mas conseguiu.
Ainda assim, Rick ficou pensando sobre Taka o dia inteiro, só lembrava de registros parecidos com o dele 4 vezes na história e três na mesma família, nesse sentido, mesmo entre esses 4 Taka era a única exceção encontrada em todos os registros.
Já fora da tenda, Taka se encontrou com Kel e os outros no refeitório da academia, que nem se importaram em saber sobre o Rank dele, já que estavam conversando sobre a luta da Hina.
Tecnicamente, isso foi bom para ele, que nem teve que contar sobre sua falta de talento. No fundo, porém, o garoto só se sentiu ainda mais frustrado com sua irrelevância e nem quis ouvir muito sobre o assunto, apenas deu uma desculpa qualquer para sair logo e voltar para o quarto.
— Ou, maninho, é você? — Quando estava quase saindo do lugar, uma mão tocou em seu ombro, era uma voz familiar, por isso ele se virou.
Um homem loiro, bonito e com orelhas pontudas, olhos azuis, como o esperado de um elfo, ele era gato.
— Yan… achei que você nem fosse vir para o primeiro dia de aula?
— Não ia, mas aconteceram várias coisas, tive um problema com meu colega de quarto, — o rapaz riu alto lembrando da história — depois eu te conto, você não vai nem acreditar. Enfim, como foi o teste?
Por um segundo, Taka cogitou mentir para seu melhor amigo, ou desconversar, mas desistiu rápido da ideia, não tinha nenhum motivo para isso. Mesmo assim, não queria falar nada; sim, ele tinha ficado incomodado que Kel não perguntou seu resultado, mas na hora que perguntaram sentiu que não queria nem dizer.
Sem dar nenhuma resposta, Taka só sentou num canto no chão. Yan olhou isso por alguns segundos, não disse nada e se sentou também.
Em seguida, ele se aproximou e encarou de perto o amigo… muito perto, do jeito que ele ia se aproximando até parecia que ia sair um beijo. Não rolou nada, Taka nem sequer reagiu, já estava acostumado com a forma invasiva do elfo que não conhecia o conceito de espaço pessoal.
Yan abriu um sorriso e bagunçou o cabelo amigo. — Vamos, não tem como ser tão ruim assim.
— É pior do que você pensa, — Taka só ficava mais desanimada, abraçando o joelho e escondendo a cabeça — minha nota é tipo 5.5 em todas as categorias, mas não quero falar disso agora… droga!
O loiro pensou por um tempo antes de estender a mão. — Tá, que ir na academia, posso te mostrar a coisa… ah! Só não me vá descontar sua raiva na máquina e acabar com uma puta dor de cabeça.
Ele até exitou um pouco, mas acabou cedendo e segurou a mão do amigo. Eles andaram um pouco e logo chegaram ao seu destino, era o mesmo lugar onde Taka tinha ido no dia anterior, a única diferença é que ele estava quase vazio, parecendo bem maior.
— Bora no treino de controle? — Taka foi quem sugeriu, já andando em direção a um tubo de 5 metros que ficava em cima de um pedestal de plástico com um círculo azul brilhante no meio.
— Tá, — o rapaz foi até a gaveta ao lado e pegou a segunda bola mais pesada — você ainda usa a mesma que eu, né?
Taka assentiu com a cabeça e Yan apenas jogou o objeto para ele, que a parou, abriu uma portinha que tinha no pedestal de plástico, colocou a esfera de metal lá e logo ela estava visível no cilindro.
O garoto tocou no círculo azul brilhante e a bola disparou até a metade do cilindro. Então Taka continuou movendo o treco para cima e para baixo enquanto olhava, concentrado, para uma tela ao lado do tubo que mostrava, com precisão, a altura da bola.
— Que horas são.
Yan olhou para seu celular. — 9 e 23.
— Ok. — Taka fez a bola subir rapidamente até 3,2456 metros, então ajustou mais um pouco parando em 3,2306 e assim manteve a esfera quase parada, por mais que ela ainda variasse 0,005 metros para cima ou para baixo. — Pode abrir meu celular, os resultados do teste estão neles, não quero ter que falar.
O elfo fez como o instruído e acabou descobrindo a razão para o desânimo do amigo, ele não estava nem perto da média de nenhuma posição; não importava se seu rank geral era alto, sem poder se especializar em nada, sua vida seria bem difícil no exército.
— Não precisa ficar tão desanimado, sempre tem as chances das coisas mudarem e… sei lá, talvez o tipo de militar que o exército precisará no futuro seja você…
— Esse é o seu melhor?
Yan fez biquinho. — Pô, também, não é fácil te animar nessas horas, olha essa merda de resultado.
— Também não precisa humilhar, sinf! — O garoto fingiu chorar, mas não perdeu a concentração, a bolinha continuava quase parada.
O elfo fez cafuné no amigo de novo. — Mas sabe, sei que você vai dar um jeito… abre uma padaria que é sucesso, você não ia dar um bom soldado de qualquer jeito, melhor que evita morrer que nem figurante.
— Vai se foder!
Irritado, Taka decidiu ir até o seu limite, já estava mantendo a bolinha a três minutos, depois se esforçou até o sentir que sua mana tinha secado completamente para aguentar mais 30 segundos e bater seu recorde.
— Ai! Ai! Ai! — O resultado foi apenas uma imensa dor de cabeça e o corpo quase imobilizado.
O loiro suspirou perdendo o habitual sorriso encantador. — Idiota, eu disse para não ir até o limite. Agora aguenta, vai sofre por uns… Pera, quanto tempo leva sua recuperação mesmo? — Yan tomou o lugar do Taka e começou fazendo a calibragem, basicamente, mover a bolinha para cima e para baixo.
— 30 minutos, ai! Ai! Que merda … Só me cure logo, por favor, não aguento mais isso.
A recuperação era o tempo que os magos precisavam descansar depois de esgotar sua mana, durante esse período eles até conseguiam mover o corpo normalmente, mas se sentiam pesados, cansados e com muita dor de cabeça, por isso a maioria só esperava deitado sem fazer nada.
A propósito, quanto mais perto de esgotar chegasse, pior a dor de enxaqueca, no caso do Taka de ir até o limite, a dor era a pior possível.
— Não vou te curar, faz mal pro seu corpo, é para você aprender a não ficar fazendo merda só porque está putinho, boa sorte aguentando a dor. — O elfo, lentamente, levou a esfera para 3,340 metros e depois, com algum esforço, conseguiu manter em 3,2312 por 6 minutos.
Os dois continuaram treinando até as 3 da tarde, foi quando decidiram que já tinha sido o suficiente:
— Não aguento mais, sinto que vou desmaiar… — Taka reclamou.
Yan limpou o suor do rosto. — Finalmente, achei que ia me fazer treinar até eu morrer de exaustão, só vamos comer e fazer a medição de quantidade de mana.
— Ok, onde que fica? — O garoto olhou em volta e não achou nem um medido.
Cansado apontou para uma porta no fundo do lugar. — Tem uma sala separada só para isso, é bem legal.
Os dois andaram em direção a porta sem pressa, pastava passar a carteirinha de estudante em uma catraca lá e ela abria.
Enquanto mostrava como fazer pro amigo Yan lembrou de uma coisa. — Verdade! Tinha até esquecido, mas lembra do negócio do quarto…
— Sim, desembucha. — Taka já foi entrando na sala.
— Então… — Yan até ia explicar, mas parou de falar quando viu que tinha outra pessoa na sala. — Nossa! Você por aqui, Hina? — perguntou amigavelmente.
Nota:
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- Foi mal, atrasei um pouco para lançar o cap, pq dormi até tarde, kkkk
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- A propósito, mudei o começo do cap um, pq estava meio confuso, se estiverem sem nada para ler podem dar uma olhada, acho que ficou melhor assim.
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É isso.