Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 6
Capítulo 6 – Medição de mana
Depois de dizer suas primeiras palavras, Taka quase não conseguiu interagir, ele se sentia estranhamente nervoso.
Por um lado, sabia que nem fazia sentido tentar parecer impressionante, não tinha como ele impressionar a Hina. Por outro, causar uma má impressão seria péssimo. Ele não queria isso nem nos seus piores sonhos. O resultado foi ser completamente esquecível na maior parte do tempo.
Mesmo não falando nada, ele não pode deixar de sentir seu interesse pela Hina crescer um pouco, por mais impossível que considerasse. A garota era muito mais divertida do que ele esperava, além de incrivelmente forte e linda.
Os três foram se revezando para usar a máquina; no caso, Hina, que se recuperava em 10 minutos, usou várias vezes, sempre chegando aos 22 e alguma coisa. Já Taka, usou apenas uma vez, Yan também, o resultado foi 17,3 pro elfo e 9 pro garoto.
Por fim, decidiram voltar para o dormitório, se despediram da Hina, que ainda pretendia ficar lá por mais um tempo e foram.
O céu ia ficando escuro conforme o Sol sumia no horizonte daquele fim de tarde. A academia continuava cheia de pessoas indo de um lado para o outro e assim seria até bem mais tarde.
— Você parecia bem próximo da Hina né? — Sem conseguir esconder seu interesse, Taka já guiou o assunto para o que queria saber.
Yan, entendo o que o amigo queria perguntar, riu um pouco. — Não, eu nunca peguei ela, se quiser saber; inclusive, ela tem namorado, melhor desistir.
E o impossível se tornou mais inalcançável. Taka, no fundo do seu coração, só sentia curiosidade para saber que tipo de pessoa incrível conseguiria se tornar o namorado daquela pessoa tão perfeita.
De qualquer forma, Taka não queria continuar naquele tópico, ele sentia que se pensasse muito sobre, ia acabar se apaixonando.
— Ei! O que você queria falar sobre o dormitório mesmo? — Mudou o assunto bruscamente.
— Verdade! Por favor, me deixe dormir no seu dormitório? — Seus olhos lacrimejaram em desespero e o loiro se aproximou do amigo meio desesperado.
O garoto afastou o inconveniente sem compaixão: — Começa me explicando o que aconteceu e desgruda.
— Ok, então… meu colega de dormitório foi suspenso, ou algo do tipo, por isso ele teve que ficar com um dos gêmeos como punição e, por consequência, o outro veio pro meu quarto.
— Calma, eu nem sei quem são os gêmeos, não entendi nada.
— Dois caras tão chatos que a escola usou: mandar meu colega de classe para lá como punição, é simplesmente impossível de aguentar a fixação por regra deles. Sério, eles devem ter um tesão metafísico por leis!
Os gêmeos, no caso, eram Mako e Maki, que eram, como Hina, representantes dos alunos, apesar de não tão importantes quanto ela.
Os dois podiam ser bem certinhos, contudo não eram tão odiados quanto Yan queria os fazer parecer. Bem, para alguém que odeia regras, os ter por perto seria um saco.
— Tendi, mesmo assim, não é problema meu, além do mais, por quanto tempo isso vai continuar? Não tem como você mudar pro meu quarto, já tenho um colega.
— Não relaxa, o problema é que não tive tempo de me preparar, amanhã vou conseguir duas garotas que me deixem ficar no quarto com elas.
Uma veia saltou na testa do Taka e ele sorriu de forma irritada. — Esquece, não vou deixar.
— Espera! Por favor!
No fim, depois de muito implorar, Yan conseguiu o que queria, com uma condição: Luca teria que concordar também, por motivos óbvios.
A concordância veio logo e os dois seguiram pelo caminho por mais um tempinho, foi quando, passando por uma pequena praça de alimentação quase vazia. Lá, Taka notou algo que o incomodou. Era um casal, uma pequena garota fofa e um cara com quase 2 metros sentados no canto em uma cadeira sem chamar muita atenção.
A maioria não notou e, os que notaram, preferiram ignorar, mas era bem claro que o cara estava se forçando para cima da menina. No caso, ela tinha uma cara desconfortável e, claramente, queria sair dali.
Vendo isso, ele olhou para o elfo do seu lado e apontou para a cena. Yan entendeu o que estava acontecendo. — Tem uma cara de ser escroto esse ai. — Seguiu andando.
Taka, por outro lado, foi levado por suas pernas a chegar mais perto, o que obrigou seu amigo a dar meia volta e mudar seu curso.
Ainda meio longe, Taka pode entender que a parede humana queria saber porque a namorada estava terminando com ele, mas não aceitava nenhuma explicação e continuava segurando a mão dela à força.
— Ei! — Na ânsia de parecer heroico, Taka chamou a atenção dos dois antes que Yan pudesse estar por perto. — Ela já disse que quer terminar, para de ser babaca.
As palavras foram muito bem recepcionadas com um soco gentil. O homem que, olhando de perto, parecia uma montanha de músculos com 2 metros disse:
— Ops! Desculpa, minha mão escorregou. — De novo, atingiu o rosto do Taka com toda sua força. O garoto voou para trás incapaz de reagir e foi parar com as costas em uma pilastra.
Uma plateia se formou na hora, mas ninguém disposto ou afim de ajudar. O brutamonte, Juan, parecia forte e os telespectadores não queriam se arriscar por um desconhecido.
A garota ainda tentou gritar algo pro namorado, mas ele seguiu correndo sem se importar. Em sua mão acumulava uma energia vermelha e estava pronto para amassar Taka na pilastra.
O punho se aproximava mais e o alvo parecia imóvel; incapacitado de reagir pela dor e pela supresa, Taka estava vunerável.
— Sua mãe não te ensinou nada de boas maneiras. — Para sorte do garoto, Yan estava lá e, em um instante, uma barreira semi-transparente amarela o protegeu.
A plateia ficou ainda mais animada, parecia que seria uma luta. Mas só parecia mesmo, a diferença era muito grande, Juan atacou várias vezes sem conseguir sequer rachar a barreira.
Raiva foi surgindo na feição do homem, cujas veias saltavam e pareciam prestes a explodir. O ódio inibia seu raciocínio e, desesperado, Juan usou todo seu poder enquanto se humilhava de forma ridícula.
— Pare de se defender e lute como homem! — Ainda tentou gritar algumas baboseiras, mas todo mundo sabia que seria suicidio para um suporte lutar de outra forma e encararam aquilo como o choro de um derrotado.
Aquele ponto a maioria foi embora achando a luta um saco e outros decidiram xingar Juan, até que alguém da plateia o atacou pelas costas e ele desmaiou. Não deu nem um segundo e todos estavam ignorando a garota e o corpo desmaiado, só queria saber sobre o elfo.
— Você foi incrível, aquela barreira…
Era uma reação compreensível, apenas alguns magos com talento para suporte podiam fazer barreiras, principalmente uma tão forte. Em geral, essa classe era boa em cura, de vez em quando,incrementava temporariamente a força e, em alguns de raríssimo talento, ainda era possível defender seus companheiros.
Agora, quem não ia querer falar e tentar se tornar próximo de um gênio?
Por outro lado, Taka foi cuspido para fora por todos aqueles ombros, por isso preferiu só voltar para quarto. Não sem antes olhar para a garota, ela parecia querer sair dali logo, por isso ele evitou a incomodar e seguiu seu caminho. Apenas enviou uma mensagem para o amigo dizendo que ia na frente e seguiu.
Chegando no dormitório encontrou Luca e duas garotas, elas se apresentaram como amigas do Yan que, bem na hora que Taka perguntou falou sobre ele, estavam fazendo um trabalho em grupo com o Luca e uma coisa levou a outra.
Os quatro ficaram jogando cartas, em um clima um pouco desconfortável enquanto esperavam o elfo.
— Ei! Taka, por que me deixou para… — A porta estava destrancada, por isso o loiro já pode entrar reclamando, mas fechou a boca em um instante. — Glup! Shia e Bel… êh, po-por que estão aqui?
Nenhuma das duas garotas respondeu de imediato, mas olhar no rosto delas poderia matar alguém. O clima na sala ficou pesado de repente, Taka até pensou em sair de fininho.
— Você armou para mim! — Com lágrimas nos olhos, Yan reclamou.