Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse - Capítulo 8
- Início
- Uma Rotina Escolar Comum Depois do Apocalipse
- Capítulo 8 - Um brutamonte de merda
Um brutamonte de merda
Luca e Taka saíram do quarto para ir para a escola em mais um dia comum. Já era um pouco mais tarde, porque eles não foram às primeiras aulas que eram chatinhas. Naquela hora, quase não tinha movimento, a maioria das pessoas já tinha ido para a academia. E foi bem quando estavam andando por aquelas calçadas vazias que deram a sorte de se encontrar bem com o Juan.
Taka conseguiu ver aquele corpo musculoso de longe e já pretendia dar meia volta, mas… — Você, nem pense em fugir, filho da puta! — Com um grito opressor, ele paralisou os dois na hora.
— O que houve? — Preocupado, Luca se virou para Taka, que respondeu com um suspiro cansado:
— Eu posso, ou não, ter comprado briga com esse cara a um tempo atrás.
Os olhos castanhos do garoto arregalaram em surpresa e ele engoliu o seco. — Tá de sacanagem, né?
— Não, e acho melhor começar a correr. — Assim teve inicio uma perseguição idiota.
Luca até tentou perguntar como o amigo tinha escapado do Juan na última vez e porque começou a briga, ao que recebeu algumas respostas vagas, o suficiente para entender o contexto.
Então, quando a fuga desesperada levou os dois para a parte de trás do dormitório feminino onde quase ninguém ia, Juan tomou algumas pílulas pretas, acelerou e alcançou os dois.
Na hora o garoto se tocou, aquele brutamonte tinha os enganado. Ele conseguiria alcançar os dois a qualquer momento, mas os guiou justamente para um lugar mais escondido.
O sensor de fudeu dos dois estava apitando, só restava lutar e, com muita sorte, sair pouco machucado. Também, não é como se aquela montanha de músculos fosse louca o suficiente para tentar matá-los, né?
Claro, ele tinha um olhar transtornado no rosto, não batia bem, era violento, mimado e problemático; mas, para os dois, a primeira aposta era que pelo menos um pouco de bom senso restasse.
— Finalmente, vou poder te matar. — Com um olhar assustador, o homem encarou Taka como um leão para sua presa. — É tudo culpa sua e daquele seu amigo de merda, se não tivessem atrapalhado ainda estaria namorando! Eu vou te matar, matar, matar!
E eles perderam a aposta. Algo estava errado com aquele cara, não era só raiva, ele parecia ter perdido completamente a racionalidade. Taka conseguiu chutar qual era o motivo; em parte, pelo término e pela dificuldade do mesmo em aceitar isso, mas tinha algo a mais, algo estava estranho e isso o preocupava muito. Pior, essa era alguma coisa que ele tinha visto antes, mas não conseguia lembrar bem.
— Moleque de merda, pode ir embora. — Em um segundo, aquele corpo gigante estava de frente para Luca, com os joelhos arqueados e o encarando de frente. Sua proximidade apenas tornava seu tamanho e olhar mais intimidadores.
Taka, tentando analisar tudo racionalmente, se surpreendeu, Juan não tinha aquela velocidade antes… Como isso seria possível? Não era um aumento comum, porém também não tinha como descobrir a razão. Ao Taka, só restou a conclusão óbvia: a situação era uma merda e devia tentar chamar Yan e assim fez silenciosamente com o celular escondido no bolso.
Enquanto isso, Luca caia em um abismo sem fim, não tinha nada no que pudesse se agarrar, continuando paralisado de medo. A escura e densa mana do seu inimigo o envolvia, cercava e sufocava, o predendo numa completa escuridão
Suas pernas e instintos queriam fugir, ele sentia as contrações do seu corpo na iminência de se mover… mas nada. Sem contar seu coração que acelerou, nada mais se movia no corpo daquele garoto, o pavor tinha o vencido.
— Só ligo para aquele merda ali, — apontou para Taka — pode vazar e logo, melhor não testar a minha paciência, ok? — Um sorriso repugnante, com um olhar de predador, a expressão de Juan era sádica e nojenta.
Luca foi perdendo o chão. Ele nunca tinha sido pressionado dessa forma, para uma pessoa que sempre viveu de forma fácil, aquilo era o fim do mundo. Atrás, tinha um penhasco e na frente um leão, qualquer passo em falso e seria o fim.
— Cara, pode só vazar, o BO é meu, deixa comigo. — Parando a tempestade com sua calmaria, Taka se apresentou na conversa estranhamente relaxado. Tinha o mesmo sorriso e voz leves de sempre, até parecia estar se intrometendo no meio de uma discussão boba entre dois amigos.
Com as pernas tremendo, Luca perdeu a força e sua expressão suavizou em alívio. Pelo menos, seus músculos não estavam mais tão tensos, ele conseguia respirar e se livrar um pouco daquele aperto. Os sentimentos que quase o explodiram por dentro, puderam ser parcialmente liberados e ele conseguia olhar para frente.
Juan, por outro lado, apertou as mãos com ódio, fazendo suas veias do braço saltarem, seus músculos contraírem e até um pouco de sangue pingar, o aperto foi tão forte que suas unhas perfuraram a própria mão. Para alguém que só conhecia o poder pela força e intimidação, ver alguém calmo diante dele era a maior ofensa.
“Lembrei! É como daquela vez com o javali, mas… será que esse cara realmente fez isso? Só espero que dê tudo certo, esse é o pior tipo de oponente para o Yan. Se eu pelo menos pudesse fugir e… Não tem jeito, não tenho como ficar me preocupando com ele, nem sei se consigo sobreviver tempo o suficiente.”
Ao ver a aura bizarra que vazava daquele corpo bestial e musculoso, um arrepio percorreu o corpo de Taka. Memórias ruins vieram em um flash, não era a primeira vez que ele via uma pessoa daquele jeito e, da última vez, sua vida quase foi ceifada.
Dito isso, sua mente estava vazia, ele tinha definido um objetivo: sobreviver, nada mais lhe importava, medo, detalhes irrelevantes, tudo sumiu dando lugar a calma.
Cortando qualquer tempo para pensar, o ataque veio. Um soco simples, pura força e velocidade.
Preparado, Taka conseguiu pelo menos bloquear com os braços; ao mesmo tempo, criou uma fina camada de mana azul ao redor deles para se proteger da aura negra do inimigo.
— Como? — Juan se enfureceu, o poder que ele considerava absoluto, foi facilmente defendido por alguém “fraco”.
— Ei! Não me subestime, não sou tão fraco assim, aquele dia você só me pegou de surpresa! — De forma infantil, o garoto reclamou, por mais que ser subestimado pudesse o ajudar a sobreviver naquela hora, ele simplesmente odiava isso. — É melhor vir com tudo logo, senão vai se arrepender.
O brutamonte respondeu a provocação a altura; como um louco, desferiu soco atrás de soco, atacando tão intensamente que ele nem conseguia recuperar o fôlego.
Taka mal conseguiu ver cada golpe, por isso foi empurrado para trás aos poucos. A dor de receber tantos socos era excruciante, mas ele não perdeu seu foco nem por um segundo e seguiu defendendo.
Ao final de tudo, ele ainda estava de pé em postura de luta, nem fraco e com dor, deixaria sua coluna se curvar. Taka não aceitaria perder tão fácil assim.
Juan, que já não estava mentalmente funcional, só ficava mais irritado a cada segundo que as coisas não iam como ele queria, não faltava muito para ele perder o controle do próprio corpo. Cheio de ódio, ele encarou aquele que queria destruir, juntando o resto de faculdades mentais para pensar no próximo ataque.
— Não vou deixar você continuar fazendo isso! — Luca pulou entre os dois. Com as pernas tremendo, fechou os olhos e conjurou uma barreira rezando para que tudo desse certo.
— Foge logo porra, só que merda você tá fazendo? Quer morrer, louco? — Taka gritou preocupado com o amigo que logo estava coberto por uma estranha energia negra e agonizava em dor.
Sem a defesa adequada, apenas a aura sob controle de Juan já era o suficiente para machucá-lo gravemente.
Taka se aproximou rápido, tocou seu ombro e a mana escura tinha se dissipado. Luca só pode suspirar misturando dor, alívio e um enorme cansaço, em pouco tempo muita de sua energia tinha sido drenada, pelo ataque e pelo estresse.
— Idiota, por que não fugiu ainda? — Taka ainda tentou proteger o amigo; mas, destraido, foi jogado para longe por um forte soco.
Seu corpo com ou sem que ele conseguisse controlar até parar na parede do dormitório. Rachando o concreto ele quase desmaiou, vendo entre o vermelho do seu sangue, o que Juan iria fazer com seu amigo.
E o brutamonte não perdeu tempo; de frente para Luca, sozinho e indefeso, logo o levantou pelo pescoço, como se fosse um boneco de brinquedo.
— Acha que tem alguma chance de me enfrentar? — Então o jogou no chão como uma criança mimada fazendo birra, frustrada pelo presente ruim. Em seguida, pisou no peito do Luca com força.
O garoto tossiu sangue enquanto gemia de dor. Sua vista escureceu, talvez tivesse desmaiado se Juan não tivesse o levantado pelo braço apertando com muita força.
— É bom você começar a implorar se quiser que eu te deixe fugir agora.
Luca estava pendurado parecendo um boneco inanimado, não lhe sobravam forças. Ainda assim ele ainda olhou para o homem na sua frente e, tremendo de medo, tentou dar um chute fraco. — Não vou deixar um amigo para trás, nunca.
Ainda mais irritado, Juan esmagou o braço dele até seus ossos serem completamente destruídos, então bateu com ele no chão com uma força absurda.
O girou no ar pelo braço e bateu de novo e de novo, até a dor esmagar qualquer coragem no coração do Luca.
Por fim, jogou ele no ar para matar o moleque, já mental e fisicamente incapaz de resistir, com um soco.
Vendo isso, Taka se levantou cambaleando, correu o mais rápido que podia e segurou a mão do Juan.
O valentão se surpreende ao perceber que seu ataque foi contido, aquela era quase toda a sua força. Por outro lado, naquele momento Taka teve a certeza de que seria impossível ganhar aquela luta.
— Não vou deixar você machucar ele nem mais um pouco, seu problema é comigo, não é mesmo? — Mesmo assim, Taka decidiu o desafiar mais uma vez.
Contrariando qualquer lógica, ele só queria lutar naquele momento, sem sentir o medo da morte quase inevitável.
— Seu! — Juan tomou mais duas pílulas, então sua aura negra explodiu por toda região. Ali morria um homem e nascia uma besta irracional.
O garoto não se intimidou, pelo contrário, seu sorriso se tornou mais provocativo.
“Se for para morrer mesmo, pelo menos vou te levar comigo.”
Juan não era o único irritado ou com intenção assassina, toda a situação tinha levado Taka ao limite da sua tolerância.