A Voz das Estrelas - Capítulo 21
“Isso é… meu passado?”, o verdadeiro Levi observava a sequência rápida de acontecimentos já vivenciados.
Desde o momento em que foi salvo por Elisa Doherty até o crescimento, ao começar a viver junto com ela na mansão antiga da pequena cidade…
Sem entender a razão daquele fenômeno, permaneceu como um espectador espectral incapaz de alterar qualquer curso da história.
— Você ‘tá gravida, moça? — Seu eu do passado a questionou conforme comia sobre à mesa.
— Oh, você percebeu? E pode me chamar de Elisa! — A mulher fechou os olhos esverdeados num belo sorriso. — Sim, estou carregando uma nova vida há quase cinco meses. Estou bem ansiosa, nunca cuidei de uma criança antes!
Passou a mão na barriga levemente acrescida. A repetição de movimentos suaves prendeu a atenção do jovem que mastigava a comida com tranquilidade.
O espectador encontrava-se inapto a administrar o turbilhão de sentimentos eletrizantes pelo corpo.
Aquela memória não estava tão fresca em sua mente comparada a outras, mas ainda a encarava sem opções de escapatória.
Talvez fosse marcante o suficiente a ponto de ser revivida de tal forma; era real até demais.
No entanto ela não prosseguiu além daquele diálogo.
Ao piscar os olhos agitados, enxergou uma nova configuração de cenário, completamente perplexo.
O tempo tinha avançado em alguns meses, pelo menos era que aparentava.
O fato que comprovou isso foi a imagem do próprio Levi mais novo.
Seu cabelo cortado na altura dos ombros, as vestimentas aconchegantes fornecidas por sua nova protetora…
A barriga ainda maior de Elisa revelava a proximidade para o nascimento da criança.
Aos poucos, o observador começava a recuperar todos aqueles momentos enterrados nas memórias com maior vivacidade.
Não à toa, já imaginava qual seria a pauta desse em específico…
— Vai ser menina, então? Já escolheu um nome? — O jovem observava a mulher sentada numa poltrona.
— Ainda não… Sou complicada com nomes. — Esboçou um sorriso desconcertado ao garoto. — Além disso, queria te contar uma coisa.
— O quê?
Sobre a dubiedade do menino, Elisa fez mistério durante alguns segundos.
Abaixou os olhos entrefechados até a barriga saliente, levou a mão até ela e começou a acariciar como se fosse a cabeça do bebê próxima de nascer.
Por meio de uma expressão mais soturna, apesar de permanecer sorridente, murmurou em resposta:
— Gostaria que você estudasse. Sei que pode ser difícil, mas seria ótima caso se empenhasse até completar todo o ensino médio…
— Hein? Mas… precisa mesmo? — Tentou recusar da melhor forma possível ao balançar as mãos negativamente. — Quer dizer, o que eu ganharia com isso? Você tem bastante dinheiro e tudo mais. Além disso, deveria se preocupar com o futuro de sua filha…
— Não se preocupe com isso. — Mirou os olhos acinzentados do menino, como se penetrasse sua alma. — Quero que faça. Esse é um pedido especial de sua mãe.
Perante as palavras finais da grávida, ele ergueu as sobrancelhas espantado.
Assim como no dia em que foi salvo, sentiu um alento indescritível percorrê-lo da cabeça aos pés, o coração palpitou com muito mais força.
— Mãe?…
— Apesar de não sermos parentes de sangue, eu lhe considero como meu filho. — A mulher soltou um fraco suspiro. — Por isso, conto com você…
O complemento do pedido de Elisa soou enfraquecido, tanto que por muito pouco o jovem não conseguiu escutar.
Talvez fosse melhor assim, pois ele compreendeu perfeitamente o tom melancólico naquela frase.
Durante a conversa, não encontrou palavras para comentar algo a respeito, então aceitou o apelo.
No entanto…
— Então era por isso? — O espectador murmurou consigo mesmo ao encarar a expressão cabisbaixa dela. — Sua idiota…
Cerrou os punhos irritado.
O instante de enraivecimento coincidiu com a nova alteração de cenário, onde pôde observar o nascimento da criança.
A versão mais nova era o único acompanhante dela, além dos guardas da mansão responsáveis por levá-la às pressas ao hospital.
Por meio das frestas nos dedos da mão que era forçada sobre o rosto trêmulo, o espectro encarou o sorriso debilitado de sua mãe.
— Essa é sua irmãzinha, Levi… — Elisa mostrou o rosto da bebê ao adolescente. — Eu sou ruim com nomes, então, por favor… dê um nome que gosta a ela.
O menino observou o rosto adormecido da criança.
Ele também não tinha nenhum nome em mente para o momento, mas perdeu alguns segundos procurando por algum na cabeça.
O ponto chamativo da menina, a exemplo da mãe, era o ralo cabelo branco.
Ao comparar ambas, encontrou algo que o fez sorrir com certa leveza e dizer:
— Bianca!
O observador mais velho semicerrou os olhos com pesar, o contrário absoluto da expressão alegre de seu eu do passado.
Elisa também demonstrou felicidade ao escutar o nome escolhido pelo seu filho de consideração.
Fitou a face alva da criança e, com um sorriso benévolo, respondeu:
— É realmente… um belo nome…
Sem que pudesse piscar, uma nova mudança sucedeu as palavras contentes da mulher.
Diferente das ocasiões anteriores, arregalou os olhos desestabilizados ao limite quando reconheceu o cenário da vez.
Chegou a recuar alguns passos sem conseguir controlar a ansiedade absurda que lhe preencheu em instantes.
Toda a preparação até o levar àquela parte das relembranças não tinha sido suficiente.
Mesmo perante a sequência acalentadora — de certa maneira —, o Marcado de Regulus experimentou um arrepio que desconhecia há tempo.
Tudo isso por encontrar o sorriso daquela pessoa…
“Por quê?”, questionou a si mesmo, incapaz de enunciar as palavras deturpadas dentro da cabeça.
— Oh, você é o aluno novo, né? — A garota se aproximou do jovem Levi, destacado das demais pessoas na classe.
— Quem é…?
As palavras escaparam do garoto quando ergueu o rosto e fitou a expressão da jovem sorridente.
Já tinha uma boa impressão pelo vestido azul-escuro que ela utilizava, contudo congelou no instante que encarou os bonitos olhos âmbar, semelhantes ao mais puro dos tesouros.
— Também estou começando hoje! Como não encontrei ninguém isolado além de você, vim puxar assunto! — Ela estendeu a mão destra ao sentar-se na carteira à frente. — Me chamo Maria! Qual seu nome!?
As vistas de ambos se cruzaram, porém somente Levi foi puxado a uma hipnose deslumbrante, responsável por tirá-lo do ar durante alguns segundos.
A ausência de resposta por parte dele conduziu a menina a mover a palma à frente de seu rosto, na tentativa de puxá-lo de volta a realidade.
Com um estalo de dedos próximo de sua face, o rapaz enfim despertou do transe indescritível.
Apesar do primeiro minuto sem dizer nada, a jovem chamada Maria não deixou de sorrir interessada.
Encabulado pela proximidade dela, conseguiu desviar o olhar e dizer em voz baixa:
— Levi…
— Uau! Que nome legal!
— É mesmo?…
— Sim! — Ela apontou o indicador ao nariz do colega. — Você é o primeiro Levi que conheço! Por isso, te nomeio como meu acompanhante na classe! Hihi!
Paralisados perante o sorriso puro da menina, os dois Levi reagiram boquiabertos sem sequer perceberem.
No entanto a nova mudança atingiu apenas o espectador que, segundos após contemplar a conversa com a menina, foi enlaçado por notas musicais vindas de um piano.
O clima se modificava ao passo que as paisagens se alternavam.
De repente, experimentou o ar ameno provindo das folhas secas que caíam das árvores no exterior daquele salão.
— Uau! Você é ótimo nisso!
Maria arregalou os olhos, impressionada ao observar Levi tocar o instrumento de cauda.
— Ainda preciso… melhorar bastante…
Mesmo ao responder, o jovem não deixou de seguir as partituras na caderneta à frente e se esforçou para manter o ritmo.
Errou algumas pequenas notas, mas nada que atrapalhasse o prosseguimento agradável da composição.
Afinal, não só os dois residiam no salão.
Elisa os observava de uma cadeira de rodas com a filha no colo.
Na altura daquelas memórias, a criança já tinha crescido o suficiente a fim de considerar a passagem de alguns anos desde a mudança anterior.
O espectador resguardava-se em silêncio absoluto, não podia proferir qualquer ruído.
Seu eu mais jovem finalizou a apresentação particular da mesma forma na qual se lembrava, o suficiente para fazer seus dedos se moverem inconscientemente.
A partir desse final, o marcado engoliu em seco, imaginando qual seria o desfecho da presente sequência…
— Você é incrível mesmo… — Maria pegou nas mãos do jovem que corou na hora. — Também quero aprender! Me ensina!
— Ah… E-eu…
Buscando alguma resposta condicente com as emoções, Levi encarou de canto a mulher sentada bem ao lado.
Com um sorriso fraco, Elisa assentiu positivamente e induziu o rapaz a tomar coragem no intuito de respondê-la do mesmo modo.
Do outro lado, mas não muito distante, o Marcado de Regulus concordou consigo mesmo em um pensamento rápido.
Ele tinha saudades daqueles momentos pacíficos, apesar de tudo.
Ponderar sobre isso lhe trouxe uma onda de remorso, levantada pelas notas melancólicas que conduziram o restante das memórias.
Misturando-se à sinfonia cabisbaixa, um ruído de choro intenso preencheu o cenário seguinte.
Debruçada sobre o abdômen de Elisa, sua filha derramava o pranto excruciante à alma do garoto. Que, agora, tinha se tornado um homem…
Uma época da qual ele se lembrava mais que perfeitamente…
— Me desculpem… meus filhos… — Sem sequer olhar na direção deles, a mulher enfraquecida acariciou o cabelo ondulado de Bianca. — Levi… conto com você…
O garoto abriu a boca, contudo engoliu a primeira resposta. Com o coração dolorido, segurou firme na mão de Maria, que os acompanhava, em busca de apoio.
Embora perante aquela clara despedida, ele se recusava a chorar.
Somente a fitou com confiança e, por meio da boca trêmula, murmurou…
— Prometo que cuidarei de Bianca… minha mãe…
Elisa pôde sorrir pela última vez, pois era a primeira na qual era chamada de mãe pelo jovem que salvou no passado.
Moveu a boca num agradecimento final, ainda que a voz não tenha se proliferado.
De repente o som de intervalos contínuos da máquina conectada a seu dedo parou.
O toque incessante unido à linha esverdeada que não subia em picos baixos como antes confirmou o pior.
Mesmo de longe, o homem não tinha capacidade em conter as emoções ao esmagar os ossos dos próprios punhos fechados.
A morte daquela que o salvou jamais pôde ser superada.
Reviver a triste cena de obscuro tom monocromático lhe trouxe uma dor insuportável por todo o corpo.
Porém ele não estaria sozinho.
Além de cuidar de Bianca, como prometido nos últimos momentos de vida da mulher, teria Maria ao lado.
Teria…
— Pare com isso… — O marcado sussurrou. — Já chega disso!
Essa é sua punição.
A voz infantil ecoou em sua cabeça, embora não houvesse nenhum responsável, com exceção daqueles vistos pelo passado, para transmiti-la.
Ele virou o corpo incontáveis vezes à procura dela, sem sucesso em encontrá-la.
Durante um desses rodopios, o cenário voltou a mudar.
O desespero que chegava aos poucos aflorou como se uma bomba fosse detonada dentro do peito.
A imagem a seguir mostrava a ele o momento que jamais desejaria relembrar.
“Não… Por favor…”, suplicou boquiaberto ao observar seu eu de poucos meses atrás junto de Maria.
— Pare!!!!
Um estampido ecoou por todo o espaço e cortou o grito efusivo do Marcado de Regulus.
O disparo do revólver causou um impacto mínimo no ar até a bala atingir o peito da jovem de cabelo loiro.
Sem tempo para qualquer reação, Levi acompanhou sua queda ao asfalto.
O delinquente responsável por atirar sorria de orelha a orelha, a adrenalina em seu corpo era tão excessiva que o deixava ofegante mesmo sem qualquer cansaço físico.
O evento inesperado para o Levi do passado lhe tirou a capacidade de pensar logicamente.
Nem o espectador conseguia demonstrar lucidez perante a revisita àquele momento.
Se aproximou dos participantes da cena, o sorriso imutável da garota no rosto ensanguentado fez o próprio desespero disparar.
— Maria… — Os dois pronunciaram em uníssono.
Atingida em um ponto na área do coração, ela utilizou as últimas forças para levar a palma da mão, cheia do líquido vermelho ao rosto dele.
Sua boca se moveu e, assim como na despedida de Elisa, nenhuma voz pôde ser proliferada pelo ar.
Entretanto o homem conseguiu compreender pela leitura labial.
Ela queria dizer “eu te amo” antes de perder todos os sentidos e partir para o fim da vida.
O braço caiu no asfalto acima da pequena poça de sangue, os vívidos olhos âmbar perderam cor.
Uma dor pulsante dominou o olho destro do homem ajoelhado. Então, em um instante, tudo ao seu redor se tornou a imagem do universo primordial.
A estremecida íris acinzentada foi substituída por uma luz intensa que tomou conta de todo o globo ocular.
Junto ao grito do fundo da alma, o cenário voltou ao normal e o tempo do delinquente, prestes a atirar em sua cabeça, foi congelado.
Aquele que foi escolhido pelas estrelas levou as mãos à cabeça. Mesmo já tendo vivenciado aquele instante, sentia como se fosse a primeira vez.
A reação ao contemplar novamente a própria Provação também fez o poder de Controle Temporal ativar…
De repente, os gritos atormentados foram substituídos pela plena escuridão.
— Vocês machucaram a irmã Sarah…
A figura da garotinha de olhos bicolores o fitava, ajoelhado no solo envolvido pelas trevas.
Conforme estremecia da cabeça aos pés, ele balbuciava palavras incompreensíveis em meio ao pranto doloroso.
— Não vou… perdoar…
Nem por isso a pequena freira teve pena, mantendo o foco em lhe trazer agonia por meio de tais lembranças.
No entanto quando pensava ter a situação controlada, a menina foi empurrada por uma influência pesada, capaz de trazer o corpo do marcado de volta à postura erguida.
Por meio de um grito esganiçado, onde suas cordas vocais chegavam ao limite de estourarem…
Levi quebrou o efeito imposto pela menina.
“Então esse é o poder dela…”
Layla ponderou aflita no lado exterior, onde todos os ruídos cessaram num estalar de dedos.
“Ela invadiu a mente daqueles dois”, estreitou os olhos ao considerar a gravidade da situação atual naquele salão.
Ela esperava alguma atitude por parte das freiras, contudo, a resposta seguinte veio do Marcado de Regulus.
O debilitado levou as mãos à cabeça vociferando um grito de puro desespero, seu corpo estremecido agachou-se ao solo e inclinou-se em posição fetal.
Com exceção de Judith e Sarah, ainda consciente apesar do ferimento no braço, nenhum presente compreendeu a razão daquele comportamento repentino.
Diferente dele, Norman manteve a posição erguida. Em completo silêncio, ninguém além de Bianca podia contemplar o que se passava no semblante plácido dele.
A preocupação de Layla foi destroçada quando Levi começou a pronunciar palavras desconexas que envolviam o passado.
Tudo que ele via, o sofrimento que parecia eterno e em loop na cabeça, durava um mero instante no plano exterior.
Mesmo tendo a situação favorável nas mãos, Judith se espantava ao observar a caçula causar tamanho sofrimento no inimigo.
A própria Isabella, até então sedenta pela cabeça daquele que matou seu irmão, demonstrava perplexidade perante a anomalia.
— Maria… — A voz arranhada do marcado ecoou pelo espaço. — Eu vou matar… vou matar a todos!! Maria… quero a Maria de volta!!
“Seria isso…?”, a alva quis pensar em uma rota muito provável para desencadear tamanha angústia no inimigo.
— Saia… da minha cabeça!!!
Despertando um novo clima de tensão dentro do recinto, Levi abriu os olhos e mirou a responsável por colocá-lo naquele transe.
O calor irradiado pela Marcada de Gacrux voltou a ser superado por uma nova onda frígida.
Todos os escolhidos puderam experimentar um arrepio sem igual percorrer a espinha.
Com o domínio reestabelecido, poucos segundos foram necessários para puxar uma pistola escondida sob o manto escuro e apontar na direção da criança.
Repetindo a última cena relembrada na prisão criada pela inimiga, destravou a arma e apertou o gatilho.
A ironia do destino fez o jogo virar a favor do Marcado de Regulus ao atingir o peito de Karen.
Mesmo sem o Áster efetivo do homem, foi como se o tempo tivesse paralisado para as pequenas freiras.
Quando o som da queda final de Karen ressoou pelo lugar, Judith soltou todas as emoções deturpadas por meio de um grito…
— Karenzinhaaaaaaaaaa!!!
Correu até a irmã caçula antes que a poça de sangue se formasse abaixo dela.
Sarah utilizou todas as forças restantes a fim de se levantar e ir até as duas. Ninguém mais se mexia.
Ela não se importava mais com qualquer circunstância daquele confronto, somente desejava alcançar as duas.
Por outro lado, o escolhido do Leão confrontou os obstáculos físicos e mentais.
Apanhou Bianca nos braços, deu meia volta e aproveitou a comoção geral para se distanciar até a saída.
Antes de ultrapassar a passagem em definitivo, encostou o ombro na parede e puxou um aparelho escuro do bolso.
— Eu não vou morrer aqui… Vencerei essa batalha… e terei Maria de volta!…
Apertou o botão avermelhado no centro e, logo em resposta, um tremor intenso tomou conta do salão.
Os sons explosivos consecutivos alcançaram os ouvidos de Layla e Isabella que, sem delongas, compreenderam o feito executado pelo adversário.
Ele deixou o recinto com todas as garotas e o Marcado de Altair inoperantes.
Os pilares da mansão chacoalharam até que, segundos depois, as explosões alcançaram as proximidades da zona fechada.
Com os poderosos impactos, algumas estruturas do local passaram a desmoronar.
— Esse lugar vai ser demolido em breve. Você! Vá atrás dele. — Layla direcionou o olhar enervado até a garota. — Irei te alcançar em breve, portanto…
A Marcada de Betelgeuse encarou a companheira e, antes de responder, arrancou um sorriso sarcástico do rosto.
— Nem precisa dizer isso. A cabeça dele, no fim, será minha…
Levantou-se com a mão sobre o ferimento aberto no abdômen e concentrou todos os esforços em seguir o alvo.
A Marcada de Vega permaneceu ali e direcionou o olhar preocupado ao companheiro paralisado, partes do teto já começavam a rachar, prestes a ruírem por completo.
Do outro lado, as escolhidas do Cruzeiro do Sul tinham desaparecido.
Layla poderia resmungar por ter perdido uma oportunidade, mas sabia que a baleada não iria sobreviver.
Ainda assim, nem tinha forças para sentir algum tipo de alívio por ter uma marcada a menos naquele evento.
Ao invés disso, virou o rosto mediante o exalar de uma fraca lamentação. Agora, precisava ver como seria o despertar do segundo apanhado no Áster da Invasão Mental.
Seu companheiro. O Marcado de Altair…
Durante os antecedentes do caos na realidade, os olhos verdes se abriram, envolvidos por um cenário esbranquiçado.
De pé, Norman não compreendeu a posição na qual se encontrava, mas rapidamente a imagem do próprio quarto tomou conta do vazio.
O sol entrava pela janela aberta, as cortinas claras dançavam com a fraca brisa da manhã.
Antes de raciocinar com maior clareza, escutou a porta bater duas vezes.
— Norman! Acorda, hora de ir para a escola!
A voz sufocada pela separação opaca do corredor o fez arregalar os olhos.
Virou o rosto boquiaberto na direção da entrada e, após poucos segundos do primeiro chamado, essa foi aberta.
A mulher de cabelo escuro, cacheado até a altura dos ombros, o encarou.
O coração do rapaz parecia prestes a saltar pela boca, um arrepio frio correu por todos os membros paralisados.
— O que foi? Parece que viu o bicho-papão!
À frente dele, sua mãe inclinou a cabeça levemente à esquerda num semblante dúbio.
Mas com um sorriso radiante que nem o sol…
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